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Estado de Minas

Cerca de 8 mil pacientes se arriscam diariamente em estradas de Minas

Somente neste ano, pelo menos 25 doentes morreram e mais de 40 ficaram feridos em acidentes


postado em 26/11/2013 06:00 / atualizado em 26/11/2013 07:18

O perigo está em cada curva para mais de 8 mil pacientes que diariamente percorrem as estradas de Minas em busca de tratamento médico especializado em outros municípios. Os pacientes enfrentam todo tipo de risco e, nessa busca por saúde, muitos acabam perdendo a vida na rodovia. Somente este ano, pelo menos 25 doentes morreram e mais de 40 ficaram feridos, segundo levantamento do Estado de Minas com base em acidentes, uma vez que não existe estatística específica sobre desastres com veículos que transportam doentes.

Desde 2005, o governo de Minas já distribuiu 626 micro-ônibus para 48 consórcios municipais de saúde, sem contar as ambulâncias, vans e carros das prefeituras que levam doentes para outras cidades, o que aumenta o número de pessoas expostas ao perigo. No ano passado, apenas os micro-ônibus dos consórcios deram mais de 110 mil viagens.

Alguns pacientes chegam a viajar mais de 800 quilômetros em um único dia para tratamento, saem de casa geralmente no início da madrugada e retornam no fim da noite. Outros fazem o percurso até cinco vezes por semana, sobretudo em tratamento de quimioterapia. O maior medo deles é de não voltar vivos para casa, pois a imprudência de motoristas, as péssimas condições das estradas, o cansaço e a pressa dos próprios condutores das vans são as principais causas dos acidentes.

Especialista em engenharia de tráfego, o professor Ronaldo Guimarães Gouvêa, da UFMG, acredita que a estrutura de hospitais do estado pode não estar adequadamente distribuída para minimizar essa necessidade de circulação. “Mobilidade não significa só melhorar as condições de circulação, mas diminuir as demandas por circulação”, disse.

Ele observa que veículos que transportam pacientes andam em alta velocidade para que as pessoas cheguem mais rápido ao destino. “Nas áreas urbanas, a ambulância que liga a sirene para se deslocar com mais rapidez é uma coisa, pois há congestionamentos, veículos a 10km/h e ela precisa abrir passagem. Outra coisa é numa estrada que não está preparada para o desenvolveimento de altas velocidades. Há pacientes com consulta às 7h, mas isso não justifica que uma ambulância ou van saia a 120km/h nas estradas, onde a fiscalização certamente faz vista grossa. O risco de acidentes passa a ser muito grande”, alerta o professor.

CORRERIA Diariamente, são 4,4 mil pessoas que chegam a Belo Horizonte em busca de tratamento médico. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), a capital é polo de referência estadual para cerca de 700 municípios em procedimentos de média complexidade e para todos os 853 municípios para a alta complexidade.

A Rede SUS-BH faz em média 11,2 mil consultas e exames especializados por dia. Desse total, 40% são procedimentos em pacientes de outros municípios. A SMSA faz 10 mil internações de pacientes por mês, dos quais 43% de pessoas do interior. Dos 2,2 mil pacientes que fazem hemodiálise mensalmente em BH, 32% são de outras cidades. Além disso, a capital faz uma média de 3,5 mil cirurgias eletivas mensais, das quais 40% são em pessoas de fora.


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