Jornal Estado de Minas

Após acidente, cidade de Rubelita respira tristeza, comoção e dor

Batida que envolveu ônibus do serviço transporte de saúde da cidade, na BR-251, deixou 14 mortos

Luiz Ribeiro

- Foto: Rogeriano Cardoso/Esp. EM

Rubelita – Uma cidade inteira abalada, com um clima de tristeza por todos os ladosFoi assim que ficou a pequena Rubelita ontem, logo após os moradores tomarem conhecimento de que 14 conterrâneos morreram na tragédia, envolvendo o micro-onibus do serviço transporte de saúde da cidade no km 362 da perigosa BR-251O comércio fechou e na porta de várias casas se juntaram pessoas, com muito pesar pelas perdas dos parentes e amigos


A viagem para o tratamento médico em outras cidades, como Taiobeiras e Montes Claros, é uma rotina para os moradores de Rubelita, devido à pequena estrutura dos serviços de assistência médica na cidade, que se limita a um centro municipal de saúde e a um posto do Programa de Saúde da Família (PSF), que funcionam em apenas um acanhado prédio, contando com dois clínicos gerais.

O município recebe visitas periódicas de especialistas nas áreas de pediatria, ginecologia, ortopedia e neurologia“Aqui não há recurso mesmoO jeito é arriscar nas estradas para conseguir atendimento especializado fora”, lamenta a professora Lucimeire Souza Dias

Entre os mortos na tragédia da BR-251 estava a aposentada Ana Correa de Almeida, de 77 anos, que fazia tratamento de um câncer nos ossos em Montes ClarosAna viajava em companhia da filha, Maria Lúcia Almeida, de 52, que também morreu“É muito triste perder duas pessoas da família desta formaA gente, que mora no lugar pequeno, tem de arriscar a vida em viagens para conseguir tratamento em outro local mais desenvolvido”, disse o servidor público Alberto Gonçalves de Almeida, de 46, filho de Ana Almeida

Outra moradora, Maria Aparecida Caldeira Silva, de 24, estava em companhia do filho, Lucas Silva, de 5, que ela levava a Montes Claros para o tratamento de uma alergia

Os dois morreram no desastre“A minha filha disse que até amanhã estaria de voltaMas ela foi e não voltouÉ muita dor”, lamentou a aposentada Ana Ferreira Silva, mãe de Maria Aparecida“Foram dois pedaços do meu corpo que se foram”, disse José Antônio da Silva, pai de Maria Aparecida e avô de Lucas da Silva.

Outra vítima da tragédia, Fernando Vieira de Oliveira, acompanhava o pai, José Viana de Oliviera, de 70, que iria fazer uma revisão de um tratamento de câncer em Montes ClarosJosé Viana ficou ferido e está internado no Hospital Municipal de TaiobeirasFernando morreu no local do acidente.

O prefeito de Rubelita, Inael Almeida Murta (PSDB), passou a tarde de ontem visitando famílias enlutadas“A cidade toda ficou abaladaFoi uma fatalidadeÉ preciso melhorar a BR-251
Toda vez que saímos para passar por essa estrada, a gente nunca sabe se volta”, desabafou.

"É preciso melhorar a BR-251. Toda vez que saímos para passar por essa estrada, a gente nunca sabe se volta", Nael Almeida Murta, prefeito de Rubelita - Foto: Rogeriano Cardoso/Esp. EM