Rubelita – Uma cidade inteira abalada, com um clima de tristeza por todos os lados. Foi assim que ficou a pequena Rubelita ontem, logo após os moradores tomarem conhecimento de que 14 conterrâneos morreram na tragédia, envolvendo o micro-onibus do serviço transporte de saúde da cidade no km 362 da perigosa BR-251. O comércio fechou e na porta de várias casas se juntaram pessoas, com muito pesar pelas perdas dos parentes e amigos.
A viagem para o tratamento médico em outras cidades, como Taiobeiras e Montes Claros, é uma rotina para os moradores de Rubelita, devido à pequena estrutura dos serviços de assistência médica na cidade, que se limita a um centro municipal de saúde e a um posto do Programa de Saúde da Família (PSF), que funcionam em apenas um acanhado prédio, contando com dois clínicos gerais.
O município recebe visitas periódicas de especialistas nas áreas de pediatria, ginecologia, ortopedia e neurologia. “Aqui não há recurso mesmo. O jeito é arriscar nas estradas para conseguir atendimento especializado fora”, lamenta a professora Lucimeire Souza Dias.
Outra moradora, Maria Aparecida Caldeira Silva, de 24, estava em companhia do filho, Lucas Silva, de 5, que ela levava a Montes Claros para o tratamento de uma alergia. Os dois morreram no desastre. “A minha filha disse que até amanhã estaria de volta. Mas ela foi e não voltou. É muita dor”, lamentou a aposentada Ana Ferreira Silva, mãe de Maria Aparecida. “Foram dois pedaços do meu corpo que se foram”, disse José Antônio da Silva, pai de Maria Aparecida e avô de Lucas da Silva.
Outra vítima da tragédia, Fernando Vieira de Oliveira, acompanhava o pai, José Viana de Oliviera, de 70, que iria fazer uma revisão de um tratamento de câncer em Montes Claros. José Viana ficou ferido e está internado no Hospital Municipal de Taiobeiras. Fernando morreu no local do acidente.
O prefeito de Rubelita, Inael Almeida Murta (PSDB), passou a tarde de ontem visitando famílias enlutadas. “A cidade toda ficou abalada. Foi uma fatalidade. É preciso melhorar a BR-251. Toda vez que saímos para passar por essa estrada, a gente nunca sabe se volta”, desabafou.