Jornal Estado de Minas

Encontro entre movimentos sociais e PM debate a melhor ação nas manifestações

Protestos de junho ficaram marcados pelos confrontos violentos entre PM e manifestantes no cruzamento das avenidas Antônio Carlos e Abraão Caram

Guilherme Paranaiba
Depois da onda de manifestações que varreu o Brasil durante os jogos da Copa das Confederações e se espalhou por vários pontos de Minas Gerais, policiais militares e representantes de movimentos sociais e dos direitos humanos se reuniram ontem na capital para debater o tema
O encontro ocorreu como parte de um curso de intervenção estratégica em movimentos sociais, ministrado pelo Batalhão de Polícia de Eventos (BPE) a militares de unidades especializadas da Grande BHEm BH, os protestos de junho ficaram marcados pelos confrontos violentos entre PM e manifestantes no cruzamento das avenidas Antônio Carlos e Abraão Caram, nos arredores do Mineirão

O mediador dos debates foi o tenente do BPE Fernando Antunes Netto, que salientou a necessidade de estimular o diálogo entre policiais e manifestantes, para que o conflito seja sempre substituído pela conversa“Esse evento serviu para que um lado se coloque no papel do outro, além de esclarecer dúvidas dos movimentos populares e dos policiaisEm intervenções futuras, como reintegrações de posse ou jogos de futebol, a principal ferramenta deve ser o diálogo”, disse o tenente

Além das manifestações violentas no entorno do Mineirão durante os três jogos da Copa das Confederações, policiais e manifestantes se encontraram outras vezes, especialmente em bloqueios de rodovias na Grande BHAtualmente, os protestos ganham força entre a população que briga pelo direito à moradia, que organizam manifestações para evidenciar os problemas de habitação

Nesse sentido, um dos debatedores foi Luiz Fernando Vasconcelos, militante das Brigadas PopularesEle levou a realidade das ocupações na Grande BH, que, segundo ele, estão inseridas em um contexto de busca dos direitos de moradiaAs lutas são feitas justamente para conquistar esse direito e o regime democrático atual possibilita os movimentos, de acordo com o militante
“Temos que deixar bem claro que o conflito tem que ser transformado em garantia de direitosQueremos manter um canal de interlocução com a PM de forma que ela assuma uma posição de garantidora e não de violadora dos direitos”, diz ele.