Depois da onda de manifestações que varreu o Brasil durante os jogos da Copa das Confederações e se espalhou por vários pontos de Minas Gerais, policiais militares e representantes de movimentos sociais e dos direitos humanos se reuniram ontem na capital para debater o tema. O encontro ocorreu como parte de um curso de intervenção estratégica em movimentos sociais, ministrado pelo Batalhão de Polícia de Eventos (BPE) a militares de unidades especializadas da Grande BH. Em BH, os protestos de junho ficaram marcados pelos confrontos violentos entre PM e manifestantes no cruzamento das avenidas Antônio Carlos e Abraão Caram, nos arredores do Mineirão.
O mediador dos debates foi o tenente do BPE Fernando Antunes Netto, que salientou a necessidade de estimular o diálogo entre policiais e manifestantes, para que o conflito seja sempre substituído pela conversa. “Esse evento serviu para que um lado se coloque no papel do outro, além de esclarecer dúvidas dos movimentos populares e dos policiais. Em intervenções futuras, como reintegrações de posse ou jogos de futebol, a principal ferramenta deve ser o diálogo”, disse o tenente.
Nesse sentido, um dos debatedores foi Luiz Fernando Vasconcelos, militante das Brigadas Populares. Ele levou a realidade das ocupações na Grande BH, que, segundo ele, estão inseridas em um contexto de busca dos direitos de moradia. As lutas são feitas justamente para conquistar esse direito e o regime democrático atual possibilita os movimentos, de acordo com o militante. “Temos que deixar bem claro que o conflito tem que ser transformado em garantia de direitos. Queremos manter um canal de interlocução com a PM de forma que ela assuma uma posição de garantidora e não de violadora dos direitos”, diz ele.