O caso do bebê de dois meses doado pela mãe a um casal de adolescentes no Rio de Janeiro sofreu mais uma reviravolta ontem. O pai da criança, vigilante Johney Lima Santos Nulhia, de 24 anos, aguarda o resultado de um exame de DNA para comprovar a suspeita de que o pequeno Arthur Pietro não é seu filho biológico. O teste teria sido feito ontem, segundo seu advogado, Eduardo Cordeiro Lopes.
O jovem decidiu checar a paternidade depois que a mulher, Renata Soares da Costa, de 19 anos, declarou em depoimentos que têm dúvidas sobre a paternidade da criança. Por isso, ela a teria doado. A Polícia Civil confirmou que a atendente de lanchonete confessou ser essa a motivação do crime, mas não descarta outras razões. Apesar da revelação, o inquérito segue normalmente, inclusive com o envio de equipe para o Rio.
O advogado de Johney informou que foi contratado para garantir que a guarda do bebê permaneça com seu cliente. “Se o filho for de outro, ele vai brigar na Justiça, porque já é pai e criou um vínculo afetivo”, disse Eduardo Lopes, que o viu pela última vez em uma unidade de saúde, para onde ele levou o bebê que chorava muito. Johney não foi encontrado ontem para falar sobre o assunto. Em uma entrevista ao Estado de Minas, na quarta-feira, ele disse que queria uma explicação da mulher sobre a atitude radical, mas que iria apoiá-la se estivesse doente.
AVALIAÇÃO
O chefe da Divisão de Operações Especiais (Deoesp), o delegado Wanderson Gomes, informou que as declarações ainda estão sendo apuradas. Antes de prestar depoimento na delegacia, Renata passou por uma avaliação psicossocial na manhã de ontem no Presídio Estevão Pinto. Os pais dela também foram ouvidos, mas não quiseram falar sobre o caso.
A advogada de Renata, Claudineia de Souza Gonçalves de Araújo, disse que a Polícia Civil divulgou apenas parte da motivação, mas não quis esclarecê-la. A expectativa dela é de que a jovem consiga liberdade provisória hoje e possa contar o verdadeiro motivo da ter entregado a criança. “Ela só quer falar quando sair. Ela deve ser solta provavelmente amanhã (hoje)”, disse. Renata foi presa em flagrante e responde por comunicação falsa de crime e subtração de criança. Ela pode pegar até seis anos de reclusão.
ENTREGA
Entrevistas foram feitas para traçar o perfil da jovem, que antes de confessar ter doado o filho, procurou a polícia para denunciar o roubo do bebê no sábado. Ela contou que havia sido obrigada a entregá-lo para um casal de chineses e um brasileiro armado, próximo à passarela do metrô da Estação da Lagoinha, no Centro de Belo Horizonte, onde foi para comprar um presente para uma cunhada.
Na segunda-feira, a criança foi encontrada em uma casa na Região de Jacarapeguá, no Rio. Arthur Pietro foi negociado desde o dia 4 com uma adolescente de 17 anos, que iniciou a conversa em um site sobre maternidade com Renata, que criou um e-mail falso e combinou a entrega do filho. A menor disse à polícia que decidiu ficar com o bebê depois que sofreu um aborto. Ela e o namorado pagaram R$ 1 mil a um taxista para fazer a viagem a BH.