Jornal Estado de Minas

Mãe que doou o bebê deixa a prisão e diz que vai lutar pela guarda do filho

A gerente de lanchonete Renata Soares da Costa, de 19 anos, estava presa no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, no Bairro Horto, Região Leste de Belo Horizonte.

João Henrique do Vale Juliana Ferreira
Na saída da cadeia, a mãe do bebê (Dir.) afirmou que vai brigar pela guarda da criança - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Pres

A gerente de lanchonete Renata Soares da Costa, de 19 anos, que confessou ter doado o próprio filho de dois meses de idade, deixou o Complexo Penitenciário Estevão Pinto, no Bairro Horto, Região Leste de Belo Horizonte, por volta das 17h30 desta sexta-feiraNa saída, a mulher se desculpou e disse que vai lutar pela guarda do filho.

Renata estava acompanhada da advogadaEla pediu desculpas ao pai da criança, o vigilante Johney Lima Santos Nulhia, de 24 anos“Quero pedir perdão a Deus e ao meu filhoPeço desculpas à minha família e ao JohneyMe arrependo demais, foi um ato inconsequente, mas estou pagando por tudo que fiz”, afirmou.


Em relação ao filho, a gerente afirmou que vai lutar pela guarda“A distância do meu filho é o que mais dóiAcho que a distância de Johney é irreversívelDo meu filho, eu vou correr atrás, ele nunca deixou de ser meu filho e nunca vai deixar de serVou brigar por ele até o último dia da minha vida”, disse chorandoAo falar sobre os motivos que a fizeram doar a criança, ela foi impedida pela defensora.

O vigilante Johney Nulhia, afirmou que perdoa a ex-companheira, mas não quer mais um relacionamento com ela

“Se eu pudesse, nunca mais terei contato com ela na vidaO que ela fez foi igual a uma facadaEu já tinha me sentido decepcionado por ela ter entregado meu filhoAgora só tenho desprezoEssa menina estragou a vida dela e a minha”, disse.

Mais cedo, a advogada de Renata, Claudinéia de Souza Gonçalves de Araújo, informou que a cliente não deve seguir para casa por medo de ser linchada por vizinhos“Vamos arrumar um lugar seguro para ela ficar”, disseA defensora afirmou que a mulher deve conceder entrevista ainda nesta noite para dar sua versão sobre o caso


O pedido de liberdade provisória foi feito nessa quarta-feiraA defesa argumentou que a gerente é ré primária, tem bons antecedentes, não é dotada de periculosidade e tem o direito de amamentar a criançaA advogada também afirmou, no pedido, que sua cliente poderia ser punida com outra medida que substituísse a prisão


Depois que a mulher confessou que doou o filho porque tem dúvida sobre a paternidade, o vigilante Johney Nulhia, de 24 anos, realizou um exame de DNAO resultado deve ficar pronto na próxima semanaMesmo depois do depoimento da mulher, a Polícia Civil não descarta a existência de outros motivos para a simulação do sequestroPor isso, a corporação vai seguir com o inquérito, incluindo a realização de diligências no estado do Rio de Janeiro

Pai do bebê fez exame de DNA para tentar confirmar a paternidade da criança - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press

Entenda o caso

A mãe da criança procurou a polícia por volta de 14h de sábado, quando estava no Centro de BH para comprar um presente para a cunhadaRenata disse que foi abordada por um casal de orientais, que estava acompanhado de um brasileiro armadoOs três tomaram o bebê do colo da mãe e fugiram em um carro preto.

Na versão da mulher, o rapto aconteceu próximo à passarela do metrô da Estação da Lagoinha, no Centro de BHA mãe desceu do trem, andou pela passarela de pedestres até a esquina das ruas 21 de Abril com Oiapoque, na região dos shoppings populares

Na última segunda-feira, a Polícia Civil pressionou a mãe da criança depois de receber uma denúncia anônimaConforme o delegado Vanderson Gomes, chefe do Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), Renata confessou o crime e disse que entregou o bebê para um casal do Rio de Janeiro nas imediações da rodoviária de Belo Horizonte, na tarde do último sábado

Depois da confissão da mãe, a polícia mineira acionou a Delegacia Antissequestro (DAS) do Rio de JaneiroCom as informações, os agentes conseguiram encontrar a criança em uma casa em Vila Valqueire, entre Jacarepaguá e BanguO casal de adolescentes foi detido

Segundo a Polícia Civil, a negociação da entrega da criança aconteceu através de um siteDesde o dia 4 de novembro, Renata trocou 97 e-mails com o casal carioca que recebeu o bebê