Na última década, os que não abrem mão do aconchego da casa da mamãe passaram de 20,5%, em 2002, para 24,3% das pessoas nessa faixa etária no ano passadoJá os que não pegam nem no batente nem nos livros representam um em cada cinco jovens brasileiros entre os 15 e 29 anosOs dois grupos são um dos aspectos revelados pela Síntese de Indicadores Sociais 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, baseado principalmente nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, a geração canguru teve um aumento de 20% na última décadaEmbora não haja dados estaduais sobre o assunto, a pesquisa mostra que o Sudeste puxa a fila, com a maior proporção de jovens nessa situaçãoEm 2002, eles representavam 23,1% das pessoas entre 25 e 34 anos, sendo que em 2012 já somavam 26,7% do totalO Norte é onde o fenômeno social se revela menos marcante, com salto de 15,9% para 18,5% na última décadaSegundo os indicadores, os homens correspondem a 60% dos integrantes da geração canguru.
Pessoas nessa faixa etária que ainda moravam com os pais têm mais anos de escola do que os demais: são em média 10,8 anos de estudo, contra 9,6 dos jovens em geralQuanto mais rica a família, maior a tendência de os filhos permanecerem mais tempo em casaEnquanto entre as famílias com renda per capita até meio salário mínimo a proporção dos cangurus era de 6,6%, entre aquelas com renda de 2 a 5 salários mínimos per capita, o percentual de filhos que não deixam o ninho sobe para 15,3%.
"Os jovens são incentivados a estudar mais tempo até entrar no mercado de trabalho e isso pode ser uma das causas para o aumento da geração canguru", explica o analista do IBGE no estado Antônio Braz
Distante de compromissos representados por choro de criança, fraldas ou exercícios da escola para ensinar, aos 29 anos o analista de sistemas Gilberto Alves Ferreira Júnior, solteiro, prefere o conforto da casa da mãe ao cotidiano da vida conjugalNo Bairro São Gabriel, Região Nordeste de Belo Horizonte, ele mora com a mãe, Cleusa Santos Ferreira, motorista de transporte escolar, e não pensa em mudanças - pelo menos por enquanto"Não sinto vontade de sair daquiTenho namorada, que também vive com a família, em outro bairro, e já conversamos sobre o assuntoO melhor é termos condições financeiras para, futuramente, vivermos com tranquilidade e constituirmos um lar", afirma o caçula da família