A cada geração a juventude se desenha com novos traços, trazendo à tona comportamentos diversos. Assim foi com o fenômeno baby boomer (em tradução livre "explosão de bebês"), expressão cunhada para identificar os nascidos no período pós-guerra, caracterizado pela volta dos soldados para casa, com emprego fixo e estável; com a turma da paz e amor e da contracultura, dos anos 1960; com a geração coca-cola, que cresceu sob a influência do Tio Sam. Pois agora dois fenômenos ganham força entre os jovens brasileiros e consolidam novos perfis: a geração "nem nem", formada por aqueles que nem estudam nem trabalham, e a canguru, jovens de 25 a 34 anos que ainda moram com os pais.
Na última década, os que não abrem mão do aconchego da casa da mamãe passaram de 20,5%, em 2002, para 24,3% das pessoas nessa faixa etária no ano passado. Já os que não pegam nem no batente nem nos livros representam um em cada cinco jovens brasileiros entre os 15 e 29 anos. Os dois grupos são um dos aspectos revelados pela Síntese de Indicadores Sociais 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, baseado principalmente nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, a geração canguru teve um aumento de 20% na última década. Embora não haja dados estaduais sobre o assunto, a pesquisa mostra que o Sudeste puxa a fila, com a maior proporção de jovens nessa situação. Em 2002, eles representavam 23,1% das pessoas entre 25 e 34 anos, sendo que em 2012 já somavam 26,7% do total. O Norte é onde o fenômeno social se revela menos marcante, com salto de 15,9% para 18,5% na última década. Segundo os indicadores, os homens correspondem a 60% dos integrantes da geração canguru.
Pessoas nessa faixa etária que ainda moravam com os pais têm mais anos de escola do que os demais: são em média 10,8 anos de estudo, contra 9,6 dos jovens em geral. Quanto mais rica a família, maior a tendência de os filhos permanecerem mais tempo em casa. Enquanto entre as famílias com renda per capita até meio salário mínimo a proporção dos cangurus era de 6,6%, entre aquelas com renda de 2 a 5 salários mínimos per capita, o percentual de filhos que não deixam o ninho sobe para 15,3%.
"Os jovens são incentivados a estudar mais tempo até entrar no mercado de trabalho e isso pode ser uma das causas para o aumento da geração canguru", explica o analista do IBGE no estado Antônio Braz. Segundo ele, há componentes sociais e econômicos envolvidos no fenômeno. "Antes, havia também a questão da liberdade sexual ao sair da casa dos pais, mas hoje esse é um aspecto mais fácil de lidar. Normalmente, o fenômeno está mais presente nas classes mais altas, que podem arcar por mais tempo com as despesas do filho", comenta o especialista, ressaltando que essa geração está presente em todo o mundo.
Distante de compromissos representados por choro de criança, fraldas ou exercícios da escola para ensinar, aos 29 anos o analista de sistemas Gilberto Alves Ferreira Júnior, solteiro, prefere o conforto da casa da mãe ao cotidiano da vida conjugal. No Bairro São Gabriel, Região Nordeste de Belo Horizonte, ele mora com a mãe, Cleusa Santos Ferreira, motorista de transporte escolar, e não pensa em mudanças - pelo menos por enquanto. "Não sinto vontade de sair daqui. Tenho namorada, que também vive com a família, em outro bairro, e já conversamos sobre o assunto. O melhor é termos condições financeiras para, futuramente, vivermos com tranquilidade e constituirmos um lar", afirma o caçula da família.
Na última década, os que não abrem mão do aconchego da casa da mamãe passaram de 20,5%, em 2002, para 24,3% das pessoas nessa faixa etária no ano passado. Já os que não pegam nem no batente nem nos livros representam um em cada cinco jovens brasileiros entre os 15 e 29 anos. Os dois grupos são um dos aspectos revelados pela Síntese de Indicadores Sociais 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, baseado principalmente nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, a geração canguru teve um aumento de 20% na última década. Embora não haja dados estaduais sobre o assunto, a pesquisa mostra que o Sudeste puxa a fila, com a maior proporção de jovens nessa situação. Em 2002, eles representavam 23,1% das pessoas entre 25 e 34 anos, sendo que em 2012 já somavam 26,7% do total. O Norte é onde o fenômeno social se revela menos marcante, com salto de 15,9% para 18,5% na última década. Segundo os indicadores, os homens correspondem a 60% dos integrantes da geração canguru.
Pessoas nessa faixa etária que ainda moravam com os pais têm mais anos de escola do que os demais: são em média 10,8 anos de estudo, contra 9,6 dos jovens em geral. Quanto mais rica a família, maior a tendência de os filhos permanecerem mais tempo em casa. Enquanto entre as famílias com renda per capita até meio salário mínimo a proporção dos cangurus era de 6,6%, entre aquelas com renda de 2 a 5 salários mínimos per capita, o percentual de filhos que não deixam o ninho sobe para 15,3%.
"Os jovens são incentivados a estudar mais tempo até entrar no mercado de trabalho e isso pode ser uma das causas para o aumento da geração canguru", explica o analista do IBGE no estado Antônio Braz. Segundo ele, há componentes sociais e econômicos envolvidos no fenômeno. "Antes, havia também a questão da liberdade sexual ao sair da casa dos pais, mas hoje esse é um aspecto mais fácil de lidar. Normalmente, o fenômeno está mais presente nas classes mais altas, que podem arcar por mais tempo com as despesas do filho", comenta o especialista, ressaltando que essa geração está presente em todo o mundo.
Distante de compromissos representados por choro de criança, fraldas ou exercícios da escola para ensinar, aos 29 anos o analista de sistemas Gilberto Alves Ferreira Júnior, solteiro, prefere o conforto da casa da mãe ao cotidiano da vida conjugal. No Bairro São Gabriel, Região Nordeste de Belo Horizonte, ele mora com a mãe, Cleusa Santos Ferreira, motorista de transporte escolar, e não pensa em mudanças - pelo menos por enquanto. "Não sinto vontade de sair daqui. Tenho namorada, que também vive com a família, em outro bairro, e já conversamos sobre o assunto. O melhor é termos condições financeiras para, futuramente, vivermos com tranquilidade e constituirmos um lar", afirma o caçula da família.