A desigualdade no acesso à educação formal no Brasil começa antes de a matrícula em instituição de ensino ser obrigatória, aos 4 anos de idade
O Plano Nacional de Educação (PNE) “permanece desafiador”, avalia o IBGE, já que ele pretende ampliar para 50% até 2020 o atendimento escolar de crianças com até 3 anos e universalizar até 2016 o acesso daquelas com 4 e 5 anos“Os anos iniciais da infância são cruciais para o desenvolvimento cognitivoNesse período, determinados estímulos ou experiências exercem maior influência, em especial nas habilidades envolvidas no processo de aprendizado da linguagem”, afirma um trecho da pesquisa “Uma análise das condições de vida da população brasileira - 2013”“Atrasar o estímulo dessas habilidades torna muito mais difícil obter os mesmos resultados mais tarde, podendo significar uma perda de potencial humano, o que não pode ser ignorado na formulação de políticas públicas educacionais”, continua.
O acesso desigual das diversas faixas de renda à educação se mostra também na diferença de infraestrutura das pré-escolas, que atendem a faixa etária de 4 e 5 anosA partir de dados do Censo Escolar 2012, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o IBGE revela que 56,7% das crianças estavam matricular em instituições com parque infantil e 52,5%, com banheiro adequado à educação infantilEnquanto na rede particular as proporções de matrículas eram de 85,5% e 78,9%, respectivamente, na rede pública os percentuais caem para 47,2% e 43,8%, respectivamente.
“O grande desafio é aumentar o atendimento na educação infantil com qualidadeNão adianta só arrumar vagas, não queremos depositar as crianças em qualquer lugarParques e pátios, por exemplo, são fundamentais para a proposta pedagógica infantil
AUMENTO DA ESCOLARIZAÇÃO Apesar das desigualdades, as taxas de escolarização aumentaramDe 2002 a 2012, o número de crianças até 3 anos matriculadas em creches aumentou de 11,7% para 21,2%, enquanto na faixa de 4 a 5 anos o índice saltou de 56,7% para 78,2%.
A média de anos de escolaridade para pessoas com 25 anos ou mais também cresceu, mas é desigual para ricos e pobresEm 2012, os brasileiros tinha 7,6 anos de estudo, contra 6,1 em 2002A média dos 20% com menor renda subiu 63,4%, de 3,3 anos para 5,2O número, porém, é menos da metade dos 10,7 anos dos 20% que ganham mais, que em 2002 tinham 9,7 anos médiosOs índices de matrículas na série recomendada para a faixa etária aumentouNa população de 18 a 24 anos de idade, por exemplo, a proporção que frequentava o ensino superior era de 9,8% em 2002 e passou para 15,1%.
Outros indicadores apontados pelo IBGE
COMPORTAMENTO SEXUAL
Quase um terço (27,1%) dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental de Belo Horizonte – média de 15 anos – teve relação sexual pelo menos uma vez
SERVIÇOS URBANOS
Quase um terço (29,7%) da população brasileira não tiveram acesso a iluminação elétrica e saneamento adequadoDessa parcela, 93,5% não contava com serviço de esgotoEm Minas, a restrição ao acessos aos dois serviços era de 12% da populaçãoQuando a análise recai sobre as famílias mais pobres, com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo, o quadro se agravouNo Brasil, 48,4% não têm acesso a luz e saneamentoEm Minas, 23,4% não contava, com os dois serviços.
MORTALIDADE INFANTIL
O Brasil se aproxima da meta da ONU para 2015 de atingir a taxa de mortalidade de 17,9 óbitos por mil crianças menores 5 anosA taxa de 2010 chegou a 18,6 criançasMinas se encontra na média nacional, também com a taxa de 18,6As principais causas estão ligadas a problemas perinatais –logo após o parto.
SAÚDE DA MULHER
Grande desafio para reduzir as taxas de mortalidade materna até a meta de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivosEm 2010, a taxa era de 68 mortes por mil nascidos vivosEm 1990, era de 143,2A taxa de mortalidade de mulheres de 30 a 39 anos por câncer de mama é de 20,3 por 100 mil habitantes e por câncer de colo de útero, de 8,5Minas tem taxa de 17,4 de câncer de mama e de 5,4, de câncer de colo de úteroOs dados também são de 2010.
MORTE POR AGRESSÃO
As maiores taxas em relação à mortalidade por causas externas foram registradas entre homens de 20 a 39 anos (184,6 óbitos por 100 mil habitantes)A frequência maior ocorre entre jovens pretos e pardosNo grupo de 20 a 24 anos, a taxa de óbitos por 100 mil habitantes é de 30,0 para brancos, contra 82,0 para pretos ou pardos, 2,7 vezes maior que a para brancos em 2010.