Caratinga – Parte da quadrilha presa na terça-feira pela Polícia Civil de Minas Gerais acusada de fraudar vestibulares de medicina em escolas particulares mineiras e fluminenses agia com o objetivo de levantar fundos ou benefícios para garantir as próprias vagas em cursos. Segundo as investigações, pelo menos três pessoas das 21 que foram detidas tinham a intenção de se tornar médicos e participavam do esquema agenciando clientes para o bando, que cobrava de R$ 30 mil a R$ 150 mil, individualmente, de acordo com a modalidade da fraude escolhida. Uma das pessoas presas já estava cursando medicina e duas ainda aguardavam oportunidade de começar os estudos ilegalmente.
De acordo com as investigações, uma mulher de 26 anos presa na operação tinha o sonho de se tornar médica e chegou a fazer prova em uma instituição, não revelada, com um celular escondido. Ela receberia o gabarito fornecido pela quadrilha, mas não conseguiu usar o equipamento. A mulher, detida pela polícia em Inhapim, perto de Caratinga, buscaria clientes para o grupo. Outro que participaria do esquema para levantar recursos e entrar em faculdade de medicina seria um rapaz de 22 anos, que cursava pré-vestibular. Ele foi preso em Ipatinga, no Vale do Aço. Há a suspeita de que outra mulher, de 26 anos, que cursava medicina na Faminas BH, na Região Norte de Belo Horizonte, tenha entrado de modo fraudulento na instituição. Ela foi presa em Ipatinga, na casa de parentes, e também é acusada de buscar clientes para o grupo criminoso.
Subcorretores Segundo o delegado Fernando Lima, chefe das investigações, os três exerciam o cargo de subcorretores na complexa hierarquia da quadrilha. O trio agiria sob supervisão do funcionário público aposentado Quintino Ribeiro Neto, de 63 anos. Ele é apontado pela polícia como corretor mais ativo. “O acusado viajava por todos os lugares onde houvesse a possibilidade de fraudar os vestibulares. Tinha energia de sobra para esse serviço”, afirma o delegado. Nesse caso específico de Quintino e de seus subcorretores, o delegado explica que à medida que os subordinados conseguiam um número de interessados, podiam até ganhar a própria vaga. Ele foi preso em Itanhomi, no Vale do Rio Doce.
Com base nos depoimentos desses sete envolvidos e nos demais seis presos em Minas, os policiais vão tentar identificar a possibilidade de outras faculdades também terem recebido alunos que burlaram vestibulares. Outras oito pessoas foram presas no Rio de Janeiro, entre elas o ex-policial militar Jorge Rodrigues de Oliveira, de 60, expulso da corporação por receptação de carro roubado. Em 2000, Jorge já tinha sido preso sob acusação de esquema semelhante. A reportagem do EM tentou contato telefônico com o advogado de Quintino, Antônio Ermelindo Ribeiro Neto, mas ele não foi localizado.