Jornal Estado de Minas

Sindicato repudia violência e vandalismo durante protesto da construção civil em BH

Grevistas invadiram prédio em construção e depredaram a obra na Pampulha na quarta-feira. Um idoso tentou passar pelo bloqueio na Abrahão Caram e foi agredido

Juliana Ferreira
O auxiliar de engenharia Emanuel Fuscald mostra pedras quebradas durante invasão - Foto: Jair Amaral/EM/DA Press


Após seis dias de greve, trabalhadores da construção civil protestaram ontem nos canteiros de obras de Belo Horizonte, o que terminou em quebra-quebra em alguns pontosNa Pampulha, um idoso foi agredido ao tentar furar o bloqueio que um grupo de 300 operários fazia nos dois sentidos da Avenida Abrahão CaramParte de um prédio residencial em uma rua próxima também foi destruídoO diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH e Região (Stic-BH), Vilson Valdez, disse que caso as negociações não avancem, a categoria vai promover uma revolta parecida com a de 1979, quando um trabalhador morreu e 50 pessoas ficaram feridas“Vamos repetir aquilo porque os patrões se negam a discutir as nossas 50 reivindicações”, disse.

O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) repudiou a violência durante o protestos dos trabalhadores ontem e anunciou que estuda medidas legais contra os responsáveis pelos danosO vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sinduscon-MG, Walter Bernardes de Castro, disse que a entidade denunciou o uso de violência na sexta-feira“O direito de greve é sagrado, mas se o trabalhador não quer parar, o direito dele tem que ser garantidoA ação não está de acordo com o estado de direito e prejudica o próprio trabalhador”, disse CastroO dirigente garante que há um processo de negociação entre patrões e empregados.

Os operários pedem melhorias nas condições de trabalho e mais segurança, o fim da terceirização de canteiros de obras, almoços e café da tarde e pisos salariais para todos os cargosA estimativa é que 90 mil dos 150 mil trabalhadores da capital estejam paralisados desde quinta-feiraParte deles saiu ontem às ruas para pedir adesão de mais pessoas
A primeira confusão começou na Rua Arthur Itabirano, no Bairro São Luiz, na Pampulha, onde 50 operários se negaram a parar uma obraOs grevistas invadiram o prédio em construção e, segundo as vítimas, roubaram ferramentas e destruíram tubulações e sistemas hidráulico e elétrico“Parecia guerraJogaram até escada pelo muro e ameaçaram agredir os funcionáriosFalaram que se a gente não paralisasse, iam quebrar tudo e que amanhã (hoje) colocariam fogo no edifício”, contou o auxiliar de engenharia Emanuel FuscaldO prejuízo foi estimado em R$ 30 mil, além do atraso na entrega dos apartamentos.

Em seguida, o grupo fechou a Avenida Abrahão Caram, em frente a entrada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nos dois sentidos, onde também houve tumultoUm idoso tentou passar pelo bloqueio, mas teve o carro amassado e foi agredidoOs trabalhadores entraram na UFMG, onde protestaram em frente a dois canteiros de obraO Stic-BH informou que a manifestação era pacífica, mas houve tumulto quando a categoria tentou atravessar a avenida porque motoristas não queriam parar o trânsitoA Polícia Militar acompanhou a manifestação, mas ninguém foi detido
Outros grupos de operários fizeram paralisações na Região Central e nos bairros Belvedere e Buritis.

- Foto: Jair Amaral/EM/DA Press

ELETRICITÁRIOS Em greve há 10 dias, os eletricitários fecharam ontem a Avenida Barbacena, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul, e impediram a entrada de funcionários no prédio da CemigO Sindicato dos Eletricitários e Minas Gerais (Sindieletro-MG) diz reivindicar um pacto de segurança e saúde que evite acidentes com mortes e mutilaçõesSomente neste ano, foram cinco mortos e quatro feridos no estado, segundo o sindicato“A Cemig ofereceu apenas 5,8% de reajuste e iniciou demissões em meio a greveFechamos a rua para pedir uma abertura de negociação”, explicou o diretor da entidade Arcanjo QueirozUma comissão foi recebida pela empresa para discutir um acordoA Cemig informou que as negociações continuam e as paralisações não afetaram atendimento e fornecimento de energia aos usuários.
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