Um crime que começou a ser tramado em baladas no interior de Minas e terminou depois de seis dias de cativeiro em Belo HorizonteO sequestro do estudante de engenharia civil Pedro Lucas Martins Ramalho, de 23 anos, começou a ser planejado depois que o mentor do plano, Igor Miranda da Costa, com passagens na polícia por crimes contra o patrimônio, o conheceu em festas no município de Francisco Badaró, no Norte de Minas, terra natal da família do rapazAs características de Pedro chamaram a atenção de Igor, que vislumbrou a possibilidade de levantar dinheiro às custas da posição bem-sucedida da família no ramo de material de construçãoPedro foi libertado ontem por policiais da 1ª Delegacia de Repressão a Organizações Criminosas, ligada à Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil, que prenderam Igor e três outros envolvidos no crime O jovem foi abordado no estacionamento da Faculdade Newton Paiva, no Bairro Buritis, Oeste da capital, onde estuda, na noite de sexta-feira, passou por uma mata no Bairro Havaí, na mesma região, e foi encontrado em um apartamento do Bairro Caiçara, Noroeste de BH, na madrugada de ontemEle estava amarrado, vendado e sob efeito de medicamentos. O caso foi mantido em sigilo, segundo a Polícia Civil, para preservar a vida do estudantePedro é o caçula de três filhos e vive com a irmã em um apartamento no Centro de Belo HorizonteFontes ligadas à investigação informaram que na mesma noite do crime os bandidos entraram em contato com a mãe do rapaz, que mora em Francisco Badaró, usando um dos telefones do jovemDe acordo com o boletim registrado na polícia, os sequestradores exigiram R$ 300 mil para libertar a vítima Pedro ainda conversou com familiares por telefone, dizendo que seu veículo, um Fiat Bravo, tinha sido abandonadoAcusado de ser o mentor do crime, Igor Costa teria contado com a ajuda de Juliano de Oliveira de Jesus, Leandro dos Santos Carvalho e Lenia Gonçalves Silva para colocar o plano em prática
Vizinhos do apartamento da Rua Boreal, no Caiçara, disseram não ter percebido nada de anormal nos últimos seis dias, período em que o rapaz foi mantido amarrado, amordaçado e dopado com remédiosA mulher presa, segundo eles, ficava o tempo todo no imóvel que os suspeitos alugaramSomente descia para tomar cerveja e fumar em um bar ao lado, ocupando uma mesa na calçada“Ela morava com dois rapazes, ambos de boa aparênciaEles sempre saíam de casa e ela ficava”, contou uma vizinha
Um homem que mora no imóvel ao lado descreveu como normal a rotina do grupo“Eles vieram morar aqui há cerca de três mesesNo primeiro dia, fizeram um churrasco na rua, em cima do passeioEram três rapazes e três moçasNo início, eles sempre mantinham dois Celtas vermelhos estacionados na ruaDepois, os carros desapareceram e um deles, o mais velho, apareceu de novo na terça-feira”, disse No início da madrugada de ontem, o vizinho conta que acordou com o portão da casa dos suspeitos batendo“Olhei pela janela e havia vários carros da polícia com as luzes ligadasEra uma operação grande, mas a polícia trabalhava em silêncioEu vi quando eles levavam a moça algemada”, disse a testemunha, que não entendia o que estava acontecendo, mas preferiu não sair de casaEle conta que mesmo depois que foi dormir, por volta de 1h30, a polícia permaneceu no local Uma comerciante observou que era grande a movimentação de pessoas no apartamento dos suspeitos, um “entra e sai danado”, segundo ela“A gente nem desconfiou de nada, pois há muitas quitinetes alugadas por aqui na região e estudantes costumam montar repúblicas”, disse a comerciante Outra vizinha afirmou que a mulher presa comentou no bar que estava desempregada e que fazia faxinas em casas da região“Eles devem ter alugado o imóvel já pensando no sequestroE a vítima estava aí o tempo todo, bem ao nosso lado, e não desconfiamos de nada”, comentou“A moça parecia ser muito humilde, mas os dois rapazes que moravam com ela eram bonitosUm deles é mais forte e o outro mais magrinho, mas bonito também”, comentou outra vizinha.