No teste da balança, nota baixa para alunos de escolas particulares de Belo Horizonte, que carregam muitos “quilinhos” além dos cadernos, livros e apostilas nas mochilas
As instituições privadas concentram o maior percentual de crianças e adolescentes acima do peso na capital – 39% dos estudantes do 2º ao 6ª ano do ensino fundamentalÉ o que revela a pesquisa “Prevalência do excesso de peso em escolares do município de Belo Horizonte”, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)O sobrepeso e a obesidade estão presentes, sobretudo, entre os meninos de 5 a 9 anos de colégios particulares, mas o alerta é geralSegundo o estudo, quase um terço dos alunos precisam emagrecer e fazer as pazes com uma vida saudável, longe dos salgadinhos, frituras e guloseimas.
Clique para ampliar a imagem - Foto: A dissertação da mestre em saúde da criança e do adolescente Renata Abreu investigou o Índice de Massa Corporal (IMC) de 2.038 alunos de 17 escolas públicas e particulares de BHOs estudantes cursavam do 2º ao 6º ano do ensino fundamental e tinham idade entre 5 e 15 anosDo total, 30,8% estavam fora de forma, sendo 15,9% com sobrepeso e 14,9% de obesosO índice se aproxima ao de países desenvolvidos, onde a obesidade é considerada epidemiaTambém é quase três vezes maior em relação ao Estudo do coração, pesquisa semelhante feita em 1998 que identificou excesso de peso entre 11,5% dos alunos de 6 a 18 anos em BH.
O cuidado com a balança desde cedo é questão de saúde, como reforça o nutrólogo e pediatra Joel Lamounier, professor da UFMG e um dos orientadores da dissertação“A obesidade é só a ponta de um icebergMetade das crianças obesas tende a ser adultos obesos”, afirma
As complicações podem começar a aparecer já na infância“O excesso de peso favorece doenças cardiovasculares e diabetes”, reforça.
O problema é mais acentuado nas escolas particulares, que têm 39% dos alunos acima do peso, contra 26% das públicas, estaduais e municipaisOs meninos estão mais gordinhos do que as meninas, com, respectivamente, 35% e 27% de pessoas com sobrepeso e obesidadeDe acordo com a dissertação, os quilos a mais prevalecem entre as crianças de 5 a 9 anos“A questão é prevenir o mais cedo possível”, afirma a pesquisadora, que concluiu o estudo este anoRenata Abreu destaca que o excesso de peso está ligado ao contexto familiar, à genética, aos hábitos de vida, mas há estudos que apontam influência do fator econômico“Talvez na escola particular, pela questão socioeconômica, o percentual seja mais altoHá mais facilidade de acesso aos alimentos, principalmente industrializados, os meninos têm mais videogames, geralmente vão de carro para a escola”, diz
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, Emiro Barbini, não se assustou com o resultado“Os meninos têm mais facilidade de ir a fast food e comprar guloseimas”, afirma ele, reforçando que a Lei da Merenda Saudável, de 2009, tem ajudado a mudar o panorama
“As escolas se envolvem mais com a questão, mas os pais também precisam participarA família é determinante”, ressalta.