Uma mega empresária de Belo Horizonte, com patrimônio estimado pela Polícia Civil de mais de R$ 10 milhões, foi presa no Bairro Castelo, na Pampulha, suspeita de vários crimes. Kênia Mara de Souza, de 39 anos, que é proprietária de uma empresa que aluga transformadores e outros equipamentos, é investigada como mandante de pelo menos três homicídios. Em um deles, dois equipamentos avaliados em R$ 350 mil foram roubados de um caminhão que faria a entrega na capital mineira. O motorista do veículo de carga foi encontrado morto em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Um homem que participou do latrocínio – roubo seguido de morte – também foi preso. A mulher foi apresentada na tarde desta segunda-feira no Departamento de Investigação de Crimes contra o Patrimônio.
A mulher começou a ser investigada em maio deste ano depois que o dono de uma peixaria no Bairro Bonfim, na Região Noroeste de Belo Horizonte, foi assassinado. De acordo com a Polícia Civil, a vítima, Fábio Baptista Mello, brigava na Justiça com Kênia por causa da reintegração de posse de um terreno que pertencia a ele. A empresária invadiu a propriedade, localizada no Bairro Caiçara, e já havia iniciado uma construção.
Testemunhas informaram a polícia que os dois viviam brigando por causa do terreno. Em maio, a vítima alegou que estava sendo seguida por dois homens que sempre perguntavam se ele era o “Fabinho”. Em 24 daquele mês, dia do crime, Fábio chegou a fazer um boletim de ocorrência de ameaça.
De acordo com as investigações, testemunhas viram Kênia próximo ao estabelecimento de Fábio momentos antes do crime. Ela estava junto com o homem e apontava para a vítima. O peixeiro acabou morto com tiros de revólver calibre 38 em frente ao comércio dele. Os suspeitos fugiram em um carro preto que era conduzido por uma mulher de cabelos louros. Segundo a polícia, a empresária também é suspeita de assassinar uma pessoa que era testemunha de Fábio no processo de reintegração de posse. A vítima foi morta em fevereiro deste ano no Bairro Aparecida.
Em outubro deste ano, a polícia voltou a investigar Kênia por causa de outro crime. A empresa da acusada foi contratada por outra de São Paulo para fazer o transbordo de uma carga de transformadores que seria entregue em Belo Horizonte. Em 19 de outubro, o motorista do caminhão, que fazia a entrega do material, foi abordado na porta de uma empresa no Anel Rodoviário. José Carlos de Lima foi encontrado morto em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Os dois transformadores transportados pelo homem foram roubados.
A polícia começou a investigar as empresas que estavam envolvidas na transação, pois o trabalho era sigiloso devido ao preço dos equipamentos, que custariam R$ 350 mil cada. Os policiais suspeitaram que a empresária poderia estar envolvida no crime e solicitou um mandado de busca e apreensão à Justiça para o galpão da empresa dela, no Bairro Castelo, na Pampulha.
Em 8 de novembro, o mandado foi cumprido. No imóvel a polícia encontrou os dois transformadores já adulterados. Os produtos estavam com o número de série lixados, pintado e com a placa de identificação do equipamento com a logo da empresa de Kênia, que acabou presa. David de Oliveira, de 22 anos, que também é suspeito dos crimes, também foi detido.
Longa ficha criminal
A empresária tem uma longa ficha criminal. De acordo com a polícia, ela tem históricos por uso de documentos falsos, falsificações de documentos públicos, formação de quadrilha, latrocínio e três homicídios. “É uma pessoa bem ardilosa. Descobrimos que o processo de reintegração de posse desapareceu do Fórum. E isso já havia acontecido com outro processo de reintegração de posse em que ela era ré”, explica o delegado Delmes Rodrigues Feicen, da 6ª delegacia de homicídios.
A polícia também vai investigar a origem do patrimônio da mulher, que é superior a R$ 10 milhões. “Ela é uma mulher de posse que tem várias propriedades. Assustamos com a quantidade de crimes que ela está envolvida. Não sabemos a origem do patrimônio dela, que é muito grande”, afirma o delegado Hugo Arruda. Na delegacia, Kênia negou todos os crimes. Na apresentação, na tarde desta segunda-feira, a empresária não quis responder nenhuma pergunta dos jornalistas.
O advogado de Kênia, Paulo Roberto Pagani Moreira, afirmou que a sua cliente não tem participação nos crimes. “Kênia nega envolvimento de qualquer um dos homicídios que está sendo acusada. Como em dois deles não tivemos nenhum acesso as informações não podemos nem falar sobre o assunto”, disse o defensor. Moreira disse que vai tentar um habeas corpus para tentar a libertação da empresária.
David também já tem passagens pela polícia por porte ilegal de arma e dois homicídios em Ribeirão das Neves. Ele é ex-funcionário da empresária.