Jornal Estado de Minas

Advogado vai pedir liberdade para empresária acusada de três assassinatos

Kênia Mara de Souza, de 39 anos, tem patrimônio de mais de R$ 10 milhões. Eles é apontada como mandante da morte de crimes em fevereiro, maio e outubro

Andréa Silva

- Foto: Reprodeção Facebook

Não só o patrimônio de mais de R$ 10 milhões da empresária Kênia Mara de Souza, de 39 anos, de Belo Horizonte, impressiona, como também a extensa ficha criminal que ela temProprietária de uma grande empresa do ramo de aluguel e venda de transformadores trifásicos, além de imóveis, lotes e veículos de luxo, ela foi apresentada ontem no Departamento de Investigações de Crimes contra o Patrimônio e presa em 6 de novembro no Bairro Castelo, Região da PampulhaA mulher está sendo investigada como mandante de três assassinatos, nos quais teria participação ativaDois deles, cometidos em fevereiro e maio deste ano, estariam ligados a uma batalha jurídica envolvendo um terreno no Bairro Caiçara, na Região Noroeste de BHO outro crime seria um latrocínio (roubo seguido de morte) ocorrido em 19 outubro.

A vítima do latrocínio, o caminhoneiro José Carlos de Lima, de 49, foi morta com um tiro no rosto durante o roubo de dois transformadores que trouxe de São Paulo para entregar numa empresa às margens do Anel RodoviárioO corpo do motorista foi encontrado, horas depois do sequestra, na Avenida Renato Azeredo, no Bairro Santa Paula, em Ribeirão das Neves, na Grande BHDe acordo com a Polícia Civil, os equipamentos roubados a mando de Kênia, avaliados em R$ 360 mil, estavam escondidos num galpão da empresa dela, no Bairro Castelo, Região da Pampulha.

Os transformadores, que pesam mais de oito toneladas, foram localizados durante cumprimentos de mandados de busca e apreensãoA caminhonete Hilux e o Mercedez-Benz C180 Coupe, que pertencem à empresária e foram vistas nas três cenas de crimes, não foram encontradas.

O ex-funcionário dela David de Oliveira, de 22, apontado como um dos autores pela morte do caminhoneiro, também foi apresentadoKênia Mara já estava sendo investigada pela 6ª Delegacia de Homicídios quando investigadores da Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Antissequestro e Organizações Criminosas (Deroc) começaram a fazer levantamentos sobre a participação dela no assassinato de José Carlos de Lima.

CARGA VALIOSA

O delegado Hugo Arrudas disse que eles descobriram que a entrega dos transformadores em BH era uma transição sigilosa por se tratar de uma carga valiosa“Kênia contratou o David para roubar os transformadores e a carreta e o cavalo mecânico que os transportou de São PauloEla determinou que David contratasse um comparsa

Foi a própria Kênia quem levou os dois homens até o local onde os equipamentos seriam descarregadosEles sequestraram o caminhoneiro e roubaram a carga e o veículo”, contou Hugo Arruda.

Durante os trabalhos sobre o latrocínio, a equipe do Deroc descobriu que Kênia Mara já estava sob investigação pelo assassinato do comerciante Fábio Baptista Mello, dono de uma venda de peixe, em 24 de maio, no Bonfim, Nordeste de BHA vítima brigava na Justiça com Kênia por causa da reintegração de posse de um terreno no CaiçaraNos levantamentos sobre a morte do comerciante, o nome de Kênia também surgiu como suspeita de mandante do assassinato de um homem que era testemunha de Fábio no processo de reintegração de posse do terreno no CaiçaraA Polícia Civil informou que além dos três assassinatos, Kênia Mara responde a processo por uso de documentos falsos, falsificações de documentos públicos e formação de quadrilha.

O advogado da empresária Kênia Mara de Souza, Paulo Roberto Pagne Moreira, disse que sua cliente negou qualquer envolvimento do latrocínio e como ele não teve acesso ao processo dos outros dois assassinatos, ele não poderia se pronunciarMoreira disse que irá entrar com pedido de habeas corpusA empresária está presa no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Centro-Sul.