Uma decisão sobre a picape Saveiro que foi concretada semana passada no passeio da Avenida Barão Homem de Melo, na Região Oeste de Belo Horizonte, ainda parece longe de ocorrer. Ontem, funcionários da obra de construção de um prédio no local quebraram o cimento que prendia o automóvel, mas, por ordem judicial, o veículo não pôde ser removido. A prefeitura enviou notificação ao dono do prédio – que teria dado ordens para prender o carro por considerar que o veículo ocupava irregularmente parte do terreno – com a determinação de que ele seja removido e o passeio desobstruído. O representante da proprietária do carro, o advogado Márcio Drumond, no entanto, disse que a administração municipal também será notificada. Segundo ele, a Justiça deu ordem para que o carro fique onde está. O advogado diz querer impedir destruição de provas que ele pretende usar em processo contra o dono do imóvel.
Enquanto britadeiras eram usadas ontem para retirar o cimento ao redor dos pneus, curiosos que passavam na rua observavam o desenrolar de mais um capítulo da história, que chamou atenção na última quarta-feira. A cena foi resultado de desentendimento sobre o local onde o carro estava estacionado. De acordo com o mestre de obras Adilson Antônio de Souza, de 38 anos, ele cumpriu ordens de seu patrão, uma vez que o carro estava na área da calçada em construção no prédio. “A Saveiro estava ocupando a área, que é do imóvel, há cerca de um ano. Tentamos conversar com o dono várias vezes, mas ele não quis retirá-lo. Sem acordo, meu patrão mandou concretar”, contou. Segundo o funcionário, o passeio e o muro da construção constam de projeto aprovado pela prefeitura. “A calçada não invade a área da rua. Temos autorização para fazer a obra”, alega.
Por sua vez, o advogado Márcio Drumond sustenta que perícia requerida pela Justiça comprovou a invasão de parte da Rua Sebastião de Barros, na esquina com a Avenida Barão Homem de Melo. Ele diz que o carro pertence a uma cliente e que, assim como outros, estava à venda, estacionado na rua, que fica próxima à agência responsável. “Eles avançaram a obra para a via pública e estão errados. O carro estava parado de forma regular. Vamos aguardar a decisão da Justiça, mas já requeri indenização por danos morais e materiais pelo constrangimento e prejuízo que a proprietária sofreu. Acabaram com o carro dela”, disse Márcio. Além da Saveiro, dois carros também à venda estão parados.
A BHTrans informou na quarta-feira que recebeu no dia 22 de novembro reclamação de que vários veículos estavam estacionados sobre a calçada, o que não foi constatado na ocasião. De acordo com assessoria da prefeitura foi feita uma vistoria na manhã de ontem que não apontou irregularidades relativas à obra. Segundo o órgão, o carro estava sobre a área do passeio.
“VENDA” NA INTERNET
O caso virou alvo de brincadeiras na internet. O veículo foi posto à venda em um site de leilões e, segundo consta na página, foi arrematado por R$ 12 mil. Márcio Drumond, responsável pela picape, afirmou que o caso está na Justiça e que a venda não passa de diversão de curiosos. No anúncio da venda, um internauta descreveu o carro como um Volkswagen Saveiro 1.6 8V “Cimento Edition”. “Isso é uma brincadeira de alguém que não tem o que fazer. Várias pessoas também colocaram cartazes no carro”, disse o advogado.