Landercy Hemerson
Os moradores do Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em especial os mais próximos da Praça do Papa, voltaram a conviver com os abusos de grupos de adolescentes e jovens que usam o local para consumir bebidas alcoólicas e drogas, acelerar carros e motos com escapamentos barulhentos e “surfar” sobre ônibus. O problema é registrado de sexta-feira a domingo, depois das 22h, e ninguém tem mais sossego. Além da confusão e do barulho até a madrugada, moradores são vítimas de ameaças e intimidações e vivem com medo.
Em fevereiro de 2011, o Estado de Minas publicou reportagem que revelou situação parecida com a atual. Nos fins de semana, jovens se reuniam na praça, com consumo de drogas, som dos carros a todo volume, mulheres seminuas, veículos com escapamento alterado para aumentar o barulho do motor. Depois das denúncias, as ações da polícia e de fiscalização da prefeitura foram intensificadas, e o sossego retornou à praça.
Mas agora a Praça do Papa voltou a ser transformada em um “inferninho” a céu aberto. “Sexta, sábado e domingo isso aqui é o caos depois das 22h”, conta um motorista da linha de ônibus que atende o bairro. Em pouco tempo no local, a reportagem do EM constatou diversos abusos, como o som amplificado de carros em frente a residências, motocicletas trafegando na contramão, “surfe” sobre ônibus, adolescentes consumindo bebida alcoólica e drogas, entre outros. Viaturas da PM circulam com frequência na área, mas não são feitas abordagens aos infratores, que diante dos policiais mudam de comportamento.
J. L. G, de 50 anos, é motorista da Linha 4103 (Aparecida/Mangabeiras) há 20 anos. Segundo ele, nas noites de sexta, sábado e domingo a situação é de risco para quem trabalha na linha. “Nas duas últimas viagens as cenas de vandalismo se repetem. São cerca de 30 jovens que embarcam no veículo e assim que passa a Praça da Bandeira, a maioria sobe no teto. Eles não pagam passagens, fazem uso de drogas e alguns exibem armas de fogo para nos intimidar. A turma vem para aprontar e há aqueles que aproveitam para roubar as pessoas que frequentam a praça “, contou o motorista. Segundo J., um colega teve que ser afastado da linha depois que um dos jovens caiu do veículos e seus amigos culparam o condutor.
Sílvio André de Oliveira, vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras (Amobam), lembra que por mais de dois anos a Praça do Papa retomou a tranquilidade. Para Oliveira, a falta de iluminação na área interna da praça, que não foi resolvida, pode ter contribuído para o retorno dos arruaceiros, já que muitos se escondem na áreas escuras para usar drogas.
“As práticas abusivas são as mesmas de 2011. Não somos contra o uso do espaço público. Ao contrário, aos sábados e domingos, durante o dia, a praça cumpre seu papel muito bem, atendendo pessoas de várias partes da cidade como área de lazer. Só que nas noites e madrugadas dos fins de semana é um público diferente, que perturba o ambiente e afasta família e turistas”, explicou o representante dos moradores.