Jornal Estado de Minas

MEC elimina 1.522 candidatos por fraude no Enem; 396 só em Minas

O órgão tenta agora identificar se essas pessoas fazem parte de uma quadrilha que foi presa em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, por fraudar a prova e vestibulares de medicina

João Henrique do Vale
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, nesta sexta-feira, o número de pessoas eliminadas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013 por fraude
Ao todo, 1.522 candidatos foram flagrados por fiscais no momento da realização das provas em outubro deste ano, com pontos de escuta, porte de equipamentos eletrônicos, tentativa de consulta a conteúdos externos, entre outrosO órgão tenta agora identificar se essas pessoas contrataram os serviços de uma quadrilha presa em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, responsável por fraudes em vestibulares de medicina e do Enem.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, confirmou, na tarde desta sexta-feira, que dentre os eliminados, 396 pessoas foram em MinasDestas, quatro em Barbacena, onde a quadrilha atuava “Não recebemos nenhum nome para confirmar se são participantes, de qual escola, para fazermos os cruzamentos possíveis em relação à prova", disse o ministro

A Polícia Civil de Minas Gerais identificou e prendeu os integrantes da quadrilhaDe acordo com o delegado Fernando Lima, responsável pelas apurações, o líder do bando, José Cláudio de Oliveira, 41 anos, chegou a subornar um fiscal do Enem em Barbacena, na Zona da Mata de Minas, pagando R$ 10 mil – R$ 5 mil para cada dia de prova – para ter acesso ao caderno amarelo.

José Cláudio fotografou o caderno e enviou para os chamados “pilotos”, membros da quadrilha responsáveis pela correção da provaEle recebeu de volta o gabarito da prova amarela e disparou via SMS e ponto eletrônico para os candidatos que haviam pagado pelo serviçoA polícia acredita que entre 100 e 150 pessoas pagaram valores de R$ 70 a R$ 100 mil para se beneficiar das respostas do EnemA princípio os envolvidos seriam todos candidatos com pretensão em estudar medicina, mas ainda será apurado se há outros cursos.

A quadrilha tinha todos os detalhes da fraude muito bem amarradosMesmo com a medida de segurança de quatro cores de caderno e uma frase em cada uma das provas, os criminosos conseguiram garantir o golpe
Todos os candidatos combinados com a quadrilha marcavam no gabarito que estavam com o caderno amarelo, mesmo estando com exame de outra corSeria função do fiscal de prova verificar essa marcação na folha de respostas, mas nem sempre era feita essa vigilância.

Em caso de candidatos que passavam pela vigília dos fiscais, no momento da marcação da prova, havia um esquema de caneta que apaga a tintaAssim, o candidato poderia mudar a cor da prova na folha de resposta garantindo um gabarito amareloNo fim, o que a quadrilha precisava era que todos os candidatos combinados ficassem com o caderno amareloA frase escrita na prova e que deve ser transcrita pelo candidato no gabarito, era repassada via SMS ou ponto eletrônico.

De acordo com o Inep, o órgão ainda não recebeu nenhum nome de suposto candidato beneficiado ou de fiscal que tenha facilitado o esquemaSendo assim, o Inep afirma que “as alegações de fraude no Enem, até então, baseadas apenas em diálogos entre fraudadores”Através de nota, informou , também, que, como o Inep ainda não teve acesso aos possíveis beneficiados pelo esquema, é impossível verificar se eles estão entre os 1.522 candidatos já excluídos do exame por fraude