A cada dia, bandidos explodiram em média um caixa eletrônico em Minas este ano
O aumento das ocorrências preocupa autoridades da área de segurança pública de Minas, que têm se mobilizado para conter a onda de explosõesEntre as ações, há uma tentativa de mudar o Código PenalHoje, a explosão de caixas não tem tipificação específica e é normalmente classificada como furto qualificado, com pena mais branda do que o rouboA ideia é que o delito seja enquadrado como roubo, com punição que pode chegar a 10 anos de prisão e multa – dois anos a mais do que os oito anos estabelecidos para furto.
Para a secretária-adjunta de Defesa Social, Cássia Gontijo, as estatísticas, consideradas por ela insatisfatórias, refletem dois fatores principais: a facilidade para aquisição dos explosivos e a grande quantidade de máquinas para saque em locais sem segurança suficiente“A dinamite é um produto controlado pelo Exército Brasileiro, que está buscando permanentemente melhorar as normas para controle do acesso ao materialMas ainda há casos de desvio em locais de pedreiras”, diz Cássia“Ter acesso ao detonador leva muitas pessoas, mesmo sem experiência, a se aventurar por esse tipo de crime”, acrescenta
Investigações em Minas apontam ação de quadrilhas especializadas, mas também de um número alto de bandidos sem preparo para lidar com os detonadores, segundo Cássia“Por esse motivo, em muitos casos, os criminosos fogem sem levar o dinheiro ou explodem até mesmo a agência bancária”, afirma
A instalação de muitos caixas em pontos vulneráveis do ponto de vista da segurança também é apontada como um complicador pela Secretaria de Defesa Social“Os bandidos buscam sempre os locais com menos vigilância, como supermercados e farmácias”, lembra Cássia GontijoEla acrescenta que a falta de monitoramento nesses locais dificulta a prevenção
Acordo com bancos
Desde que as explosões de caixas se tornaram crime recorrente em Minas e em outros estados, autoridades policiais convocaram instituições bancárias para atuar em conjunto no combate ao problema“Os bancos foram orientados a aumentar os dispositivos de segurança nas agências, como a colocação de canhões de fumaça, que, acionados de forma eletrônica, impedem a visibilidade dos criminosos após a liberação da fumaçaO equipamento funciona diante do rompimento de uma porta ou de qualquer tentativa de rompimento do caixa eletrônico”, conta a secretária-adjunta de Defesa SocialOutra medida é a liberação de tinta nas notas de dinheiro que estiverem no caixa estourado“Essa é uma alternativa que inviabiliza o crime, já que não há como repassar as notas manchadasCom isso, o bandido fica desmotivado com a prática criminosa”, afirma Cássia Gontijo.
O crescimento dos casos de explosão de caixas eletrônicos levou os órgãos de segurança de Minas a formar um grupo para estudar as condições que levam à ocorrência do crime e atuar na repressão da prática
Outra frente de atuação da força-tarefa é a tentativa de convencer o Congresso Nacional a tipificar a explosão de caixa eletrônicoAtualmente, a prática é enquadrada como crime de furto qualificado, com pena de 2 a 8 anos de prisão, mais multa aplicada pela JustiçaO grupo defende que o crime seja qualificado como roubo, com punição mais severa, de 4 a 10 anos, e multa
Ataques em alta
Número de explosões de caixas entre janeiro e novembro aumento este ano em relação ao ano passado em Minas e em Belo HorizonteTotal de prisões também cresceu
Casos em Minas
2012 300
2013 336
Casos em BH
2012 15
2013 19
Prisões em Minas*
2012 146
2013 222
Prisões na Grande BH*
2012 35
2013 46
*Até 15 de dezembro
Fonte: Seds