A Polícia Civil concluiu as investigações sobre um crime bárbaro em Itaúna, na Região Central de Minas Gerais. Dois adolescentes, de 12 e 14 anos, agrediram um menino de 5 anos a pauladas e jogaram a criança em um lago. Os agressores foram ouvidos e o delegado responsável pelo caso, Weslley Amaral de Castro, pediu a prisão cautelar de ambos. O Ministério Público e a Justiça aceitaram a solicitação para os menores, mas segundo o delegado, ainda não há vagas para a internação dos infratores.
O crime aconteceu na última sexta-feira, quando os três foram brincar perto de um lago na zona rural da cidade. O adolescente V., de 14 anos, era amigo do pequeno Enzo Henrique Campos. Ele levou a criança e chamou outro conhecido, o menor G., de 12 anos.
De acordo com o delegado, G. propôs ao colega estuprar a criança. A polícia ainda não tem certeza se a violência sexual foi concretizada. Com medo, Enzo começou a chorar e disse que contaria para a polícia que os dois tentaram abusar dele. G. agrediu o menino e pediu ajuda de V. para matá-lo. Os adolescentes deram chutes e socos, além de usaram um pedaço de pau para espancar o menino.
Investigações
O delegado Castro, na sexta-feira, levou os dois adolescentes ao local do crime pedindo que contassem as versões sobre a morte de Enzo. Primeiramente, omitiram detalhes, dizendo que houve uma briga e acabaram jogando o menino na água. Eles foram liberados pelo delegado, que marcou uma acareação para essa segunda-feira. Na delegacia, a verdade começou a ser revelada quando os policiais confrontaram os relatos de G. e V.
Segundo Castro, o adolescente de 12 anos é o “cabeça” do crime. “Ele é mentiroso, frio e calculista”, relata o delegado. O menor já têm passagens pela polícia por furto e uso de drogas e agora teve a internação cautelar de 45 dias determinada pelo MP. “É um adolescente perigoso que pode causar problemas para a sociedade”, afirma o policial, justificando a necessidade do acautelamento.
“Deficiência estatal”
A cidade de Itaúna não tem centro socioeducativo para menores infratores, o que o delegado considera uma “deficiência estatal”. De acordo com o delegado, há um projeto de construção de uma Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) com área especial para internação de adolescentes, mas ainda não existe previsão para conclusão da unidade que contará com investimento da iniciativa privada.
Conforme o delegado, o município registra casos envolvendo adolescentes pelo menos três vezes por semana. São crimes de tráfico de drogas e homicídio. No caso do menor de 12 anos envolvido no crime contra Enzo, a internação deve ser em Belo Horizonte, assim que houver vaga.
Comoção social
O delegado disse que o crime contra o menino causou extrema comoção social e mobilizou os familiares da vítima. Revoltados, eles queimaram a casa do autor de 14 anos e ameaçaram invadir a delegacia para matar os menores quando passavam pela acareação. Os adolescentes precisaram usar coletes à prova de balas na unidade policial. O delegado teme pela vida dos infratores, que continuam livres na cidade.