Guilherme Paranaiba e
Landercy Hemerson
Somente ontem no começo da noite, mais de 24 horas depois do atropelamento que matou a menina Júlia da Costa Pereira, de 12 anos, na tarde de quarta-feira na MG-10, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o motorista responsável pelo acidente, o major da PM Wilson da Silva Lima, prestou depoimento na delegacia da Polícia Civil na cidade da Grande BHO militar, ao ser ouvido na delegacia, informou que estava disposto a fazer exame de sangue para detectar traços de álcool em seu organismoMas, no momento do acidente, o oficial da PM se recusou a fazer o teste do bafômetro, segundo afirmou o coronel Antônio de Carvalho Pereira, comandante interino de Policiamento da CapitalWilson vai ficar detido até que a Justiça decida se ele pode ou não responder ao processo em liberdade.
Além do fato de o motorista não se dispor a fazer o teste do bafômetro, a perícia encontrou uma garrafa debaixo do carro do PMO recipiente foi recolhido para coleta de impressões digitais e para atestar o tipo de bebida que tinha em seu interiorDe acordo com o coronel Carvalho, embora o major não tenha feito o teste do bafômetro, o procedimento no local do acidente “foi o mesmo aplicado em todos os casos com suspeita de ingestão de álcool pelo motoristaFoi oferecido o teste do bafômetro e ele recusouComo ele ficou em estado de choque, não foram verificados sinais de embriaguez na hora da ocorrência”, diz CarvalhoO coronel afirma ainda que houve a necessidade de retirar o major do local, levando-o para o posto da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), a cerca de 400 metros do ponto do atropelamento“Algumas pessoas queriam chegar às vias de fato com o policial, então, ele foi colocado junto com sua filha em um local seguro”, completa o militar
O ACIDENTE
Júlia e mais quatro pessoas da mesma família foram atropeladas pelo Astra dirigido pelo major Wilson
Na volta, quando todos caminhavam no acostamento da MG-010 em direção ao ponto de ônibus, quase embaixo do viaduto da MG-424, Wesley era o primeiro da fila indiana que o grupo formou no acostamentoEle carregava Larissa quando viu o Astra vermelho conduzido pelo major Wilson se aproximar“Foi tudo muito rápido, pulei para o barranco do lado e quando olhei para trás vi que todos tinham sido atingidos”, contouO servente lembrou que ficou em estado de choque com a situação e disse que o militar estava na mesma situação.
“Ele chorava bastante e abraçava a criança que estava no carro”, disse o serventeO helicóptero do Corpo de Bombeiros socorreu Júlia, mas ela não resistiu e morreu no hospitalA mãe da garota, Simone, sofreu uma fratura na clavícula, mas já teve alta do Hospital Risoleta Neves Darlene e Laurinda continuam internadas no mesmo hospitalA mulher de Wesley fraturou uma das pernas e a sogra fraturou as duas
INTERNADO
O major Wilson, que estava em companhia de sua filha, de 9 anos, no momento do acidente, passou a noite e o dia internado no Hospital Militar, por estar “muito abalado e nervoso”Ao coronel Carvalho, com quem conversou ainda na quarta-feira, ele contou que “foi forçado a ir para o acostamento por outro veículo, já que o local do acidente é uma curva fechada para a esquerda logo depois de outra curva para a direita
O oficial foi ouvido pela delegada Francione Tavares, encarregada do caso, e chegou a Vespasiano acompanhado por um grupo de companheiros de farda, que permaneceram na sala de depoimentos a seu ladoA apresentação do militar à Polícia Civil só ocorreu depois de dois adiamentosA princípio, ele seria ouvido ontem de manhãDepois, foi anunciado que o depoimento seria colhido à tarde, mas apenas à noite o oficial compareceu à polícia.