da Fonseca Coutinho
A disputa judicial em torno da exploração de estacionamentos em igrejas tombadas de Belo Horizonte foi reacendida pela prefeitura, que cassou o alvará de funcionamento da atividade na Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, Região Centro-SulA decisão foi publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), depois que a administração municipal conseguiu derrubar a liminar que permitia o serviço no localA empresa que administra o estacionamento, Contapark, entrou com recurso e disse que manterá a atividade em funcionamento.
A briga entre a prefeitura e a Contapark se arrasta desde fevereiro do ano passado, quando o serviço foi encerrado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio CulturalA Fundação Municipal de Cultura afirma ter percebido danos na fachada da igreja e riscos aos bens culturais tombados, devido à circulação de veículos no localO órgão aconselhou o fechamento do estacionamento, o que foi acatado pelo conselhoA determinação resultou em ações judiciais, que terminaram dando ganho à administração municipalEm agosto, a empresa conseguiu uma liminar que liberou o retorno dos carros ao pátioA Procuradoria Geral do Município recorreu e conseguiu a proibição.
A decisão do poder público divide opiniõesPara Marcus Rodrigo de Lima Lopes, de 38, os carros na Praça da Boa Viagem prejudicam a paisagem e são nocivos ao patrimônio“Não sei quanto a igreja recebe da administradora do estacionamento, mas a arquidiocese deveria buscar alguma outra alternativa para levantar recursos para suas obras sociais”, dizFabiana de Fátima, de 33, é contra o fim do estacionamento
Multa
A Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana confirmou que o serviço está suspensoCaso as atividades persistam no local, serão consideradas irregularesO Código de Posturas prevê que o responsável seja notificado e encerre as atividades em até 10 dias sob multa de R$ 298,11 para cada 30 metros quadrados da área e interdiçãoA Gerência de Fiscalização Integrada da Regional Centro-Sul disse que vai fiscalizar o endereço.
No entanto, o advogado da Contapark, Nelson Moraes Valenzuela, diz que entrou com embargo declaratório, recurso que ainda teria sido apreciado pela Justiça"O alvará persistePor enquanto, o estacionamento continua funcionandoA prefeitura publicou isso indevidamente”, reclamouA administradora da paróquia, Maria das Graças Martins, confirmou que o serviço ainda não foi interrompido, pois não houve comunicado oficialSegundo ela, a catedral recebe uma mensalidade da empresa que explora as vagas
A assessoria jurídica da Arquidiocese de Belo Horizonte informou que não está envolvida no processo da catedral, mas que o acompanha de pertoA Mitra Arquidiocesana diz que as decisões judiciais serão imediatamente acatadasO Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) disse que não foi notificado e, portanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.