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Estado de Minas

Move provoca mudança radical na circulação do trânsito em 13 pontos de BH

Vias da capital terão mais de 50 alterações até 2015 para reduzir o número e ampliar o tempo de semáforos. Objetivo é priorizar o transporte coletivo e pedestres


postado em 04/01/2014 06:00 / atualizado em 04/01/2014 06:55

Veículos que sobem a Álvares Cabral não fazem mais conversão à esquerda na João Pinheiro, no entorno da Praça Afonso Arinos(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Veículos que sobem a Álvares Cabral não fazem mais conversão à esquerda na João Pinheiro, no entorno da Praça Afonso Arinos (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)

Alterações consideradas radicais na circulação de veículos estão sendo feitas nas vias dentro do perímetro da Avenida do Contorno e nas áreas de influência do Transporte Rápido por Ônibus (BRT), batizado como Move. Quem ainda não se acostumou com as 13 mudanças de sentido e acesso feitas no ano passado pela BHTrans pode esperar mais de 50 até 2015. Serão modificações em pontos importantes como as já realizadas, como na Rua da Bahia, que perdeu o acesso pela Contorno, na Praça da Estação; Avenida dos Andradas, onde não há mais acesso para a Rua dos Carijós, no Bulevar Arrudas; e a Brasil, que não permite mais a conversão à esquerda na Rio Grande do Norte, na Região Hospitalar.

Segundo o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, a empresa busca recursos de R$ 100 milhões junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para fazer até 2015 mais do que o dobro das 13 alterações de 2013. O transporte coletivo e o deslocamento dos pedestres serão priorizados. Especialistas alertam que mudanças só terão impacto considerável com uma migração para o transporte coletivo. Cesar informou que o foco será na Avenida Amazonas, Praça Raul Soares e vias que cruzam o Hipercentro e que podem ser liberadas para o tráfego do Move ou para receber o desvio de carros de vias onde o sistema será prioridade.

“Serão alterações amplas e profundas, mas que favorecerão a mobilidade. Pedestres e usuários do transporte coletivo poderão se deslocar com mais rapidez e conforto”, afirmou Cesar. Ainda segundo o presidente da BHTrans, uma das estratégias será reduzir o tempo dos semáforos de cruzamentos com novos sentidos de circulação. “Se temos quatro sinais num cruzamento, vamos diminuir para três. Onde há três, a meta é chegar a dois. Isso possibilita mais tempo de sinal verde”, afirmou.

Enquanto não ocorrer uso significativo do transporte público em BH, o coordenador do curso técnico de Transporte e Trânsito do Cefet-MG, professor Guilherme de Castro Leiva, acredita ser difícil que mudanças tragam bons resultados. “O tempo (dois anos) é suficiente para os motoristas se adaptarem às mudanças se uma campanha bem estruturada for feita com antecedência. O problema é que o Centro já está saturado de veículos.”

As mudanças planejadas para a Amazonas geraram controvérsias. O objetivo é que as ruas que dão acesso à avenida mudem o sentido de circulação para redução do número de semáforos. O motorista profissional Antônio Carlos de Oliveira, de 47, acredita que as alterações vão complicar o trânsito na via: “Os carros vão andar com mais rapidez. Isso pode gerar acidentes e diminuir a segurança dos pedestres”.

Já as alterações no entorno da Praça Raul Soares agradaram motoristas e pedestres. Enquanto aguardava o sinal ficar verde para seguir para a Amazonas, na tarde de ontem, o vendedor Evandro Almeida, de 34 anos, queixou-se das retenções na praça. “O trânsito aqui é um pouco amarrado. Nos horários de pico quase não anda”, reclamou.

Os namorados Johny Presley Pereira, de 21, e Karen von Rondon, de 17, cruzam a praça com frequência e reclamam do tempo curto para atravessar. “Alguns condutores, principalmente motociclistas, aceleram quando o sinal dos pedestres ainda está piscando. Muitas vezes a gente precisar correr para não ser atropelada”, reclama a estudante. “Aqui tem muita gente a pé. O comércio é bem variado, tem o Mercado Central, as lojas de roupas do Barro Preto. O pedestre tem que ser sempre prioridade”, acrescentou o professor de inglês.

HIPERCENTRO Para liberar o caminho do Move do corredor Santos Dumont-Paraná (Central) até a Região Hospitalar (Região Leste), a BHTrans anunciou duas mudanças profundas na circulação entre o eixo Afonso Pena, Augusto de Lima e João Pinheiro. A partir de terça-feira, o tráfego pela Rua Goiás será invertido entre a Avenida Álvares Cabral e a Rua dos Guajajaras. A BHTrans espera que os ônibus do Move ganhem tempo de deslocamento ao seguirem da Praça Raul Soares pela Avenida Augusto de Lima, com destino aos hospitais. O caminho dos coletivos articulados ou simples seria entrar à direita na Rua Goiás (que terá o sentido de circulação invertido), pegar as ruas Sergipe e Timbiras para atravessar a Afonso Pena. “Os motoristas também ganharão com isso, porque vamos reduzir o número de semáforos fechados de dois para um”, garante o superintendente de Implantação e Manutenção da BHTrans, José Carlos Ladeira. Para manter o corredor da Augusto de Lima liberado, o acesso à Rua Espírito Santo deixou de ser permitido.

O tempo de sinal verde na João Pinheiro, das 17h30 às 20h, passará de 35 para 60 segundos e o da Augusto de Lima passará de 19 para 36. Nesse espaço, a empresa calcula que daria para passarem 1.125 veículos na João Pinheiro e 765 na Augusto de Lima. O empresário Leonardo Barreto, de 51 anos, acredita que as mudanças complicarão o trânsito. “Vir ao Centro de carro é uma tristeza e está cada vez mais difícil. Com essas alterações, teremos que dar mais voltas, os motoristas vão ficar confusos. Não vai ser fácil se acostumar”, disse.


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