Catedral de corpo e alma. O ano novo começa com avanços no projeto da Catedral Cristo Rei, da Arquidiocese de Belo Horizonte, em construção no Bairro Juliana, na Região Norte da capital. Já está pronta – e o Estado de Minas mostra com exclusividade – a maquete da parte interna do templo concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) e previsto para ser inaugurado em 2017. A estrutura de madeira feita no câmpus da PUC Minas em Poços de Caldas, no Sul do estado, traz as futuras dependências e a divisão dos espaços localizados sob a cúpula, com os pórticos (torres) de 100 metros de altura, e a praça. “A maquete é o instrumento de diálogo e de aprimoramento do projeto, sempre dentro do conceito de acolhimento e acessibilidade”, ressalta o arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, à frente da empreitada desde que chegou a BH, há 10 anos. Por dentro e por fora, a iniciativa transmite força, fé e a realização de um antigo sonho dos mineiros.
A maquete é uma ferramenta importante de trabalho para arquitetos e construtores da Catedral Cristo Rei e também para distribuição dos serviços de atendimento à população, como pastorais, vicariatos e outros. Um dos destaques é o Arsenal da Solidariedade, nome criado pelo arcebispo para reunir todos os setores e iniciativas de caráter social, incluindo a central de acolhimento, que socorre as pessoas dentro de suas necessidades básicas, como um prato de comida ou um cobertor para as noites frias. A catedral será também um ponto cultural, abrigando quatro museus. O templo para missas e demais celebrações ficará sob a cúpula e os pórticos, enquanto a praça poderá receber milhares de moradores e visitantes em grandes eventos religiosos. Dom Walmor lembra que o templo é o coração da catedral.
Desde que ficou pronta no fim de dezembro e levada para uma sala no Palácio Cristo Rei, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, a maquete está à disposição das equipes que vão trabalhar na catedral. “Hoje, os setores estão pulverizados e o objetivo é reunir todos num local. Por isso, é fundamental que os encarregados dos serviços, como as pastorais, vejam a estrutura e contribuam para definir os espaços de modo a servir melhor as pessoas”, diz o responsável pela secretaria executiva da Catedral Cristo Rei, Carlos Barbosa. Ele lembra que a estrutura da maquete permite aos arquitetos possíveis mudanças no leiaute da construção. Dom Walmor reitera que “juntos podemos crescer mais e levar o evangelho a um número cada vez maior de fiéis. Para isso, devemos trabalhar em rede, de maneira colegiada”. No prédio, vão trabalhar cerca de 1 mil funcionários.
Construída dentro do conceito da sustentabilidade, a catedral será um prédio inteligente, com equipamentos para evitar desperdício de água e energia e garantir o aproveitamento da água de chuva, além de ter todo o cabeamento para fibra ótica, telefonia etc. O recuo de 11 metros da Avenida Cristiano Machado consiste numa solução igualmente econômica, explica Barbosa, pois permitirá ventilação adequada aos andares inferiores e reduzirá o custo da mão de obra, já que não haverá necessidade de muros de contenção de terra nesse trecho. O custo da obra é estimado em R$ 100 milhões e a Cúria tem apenas 20% desse total em caixa. Para levar adiante o projeto sem interrupções, como pretende o arcebispo metropolitano, a arquidiocese mantém a campanha Faço Parte e arrecada doações e o equivalente em dinheiro (R$ 22) a um saco de cimento.
Com pequenas chapas de madeira nas mãos, representando as paredes, Barbosa vai mostrando como as transformações serão possíveis no espaço. “As divisórias de algumas salas serão modulares, então o ambiente vai ganhando nova forma a partir das necessidades”, afirma.
PONTO TURÍSTICO A construção da Catedral Metropolitana Cristo Rei é um sonho antigo dos católicos e vem desde a época de dom Antônio dos Santos Cabral, o dom Cabral (1884-1967), primeiro chefe da Cúria de Belo Horizonte. A nova sede da arquidiocese, que substituirá a Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Centro da cidade, vai ocupar uma área de 24 mil metros quadrados em frente à Estação BHBus Vilarinho, na Região Norte. Para o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo, o sentido mais genuíno da palavra catedral é o lugar onde o bispo exerce a missão de governar, ensinar e santificar. Além de um centro de espiritualidade, da mística, das celebrações e confraternização, ele imagina a Cristo Rei como referência de educação e cultura.” Num depoimento à arquidiocese, o autor do projeto, o arquiteto Oscar Niemeyer, escreveu: “Estou certo de que esse templo será o lugar mais visitado de Belo Horizonte e de Minas Gerais”.
SONHO CONCRETO
Catedral Cristo Rei, da Arquidiocese de Belo Horizonte, será construída no Bairro Juliana, na Região Norte. Concepção arquitetônica de
Oscar Niemeyer
Capacidade inicial para 5 mil pessoas sentadas (parte interna). Em grandes eventos, pode receber até 20 mil fiéis
A catedral terá 42 mil metros quadrados de área construída, considerando-se o templo, três andares abaixo da praça e estacionamento com mais de 500 vagas. O terreno de propriedade da arquidiocese tem 24 mil metros quadrados
O monumento terá dois pórticos (torres) com 100 metros de altura, campanário com 40 metros e sete sinos, e uma cruz de 20 metros, tudo na cor branca
Catedral vem do latim ecclesia cathedralis e designa a igreja que tem a cátedra oficial do bispo, de onde, simbolicamente, ele exerce a tríplice missão de pastorear, santificar e ensinar. Na Europa, as universidades nasceram nas catedrais
A atual Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, que funciona em caráter provisório, continuará como Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua
Benção das máquinas
Na manhã de 7 de abril de 2013, o arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, abençoou máquinas e aspergiu água benta sobre operários e motoristas de uma patrol motoniveladora e de uma escavadeira (foto). A cerimônia teve a presença de cerca de 5 mil pessoas. Na homilia, disse o arcebispo: “Não estamos apenas edificando uma catedral que será magnífica, mas erguendo, num local fecundado pelas orações, o templo para a devoção, cultura, arte, ação social e diálogo ecumênico e inter-religioso”.
Cronologia
1922 Dom Antônio dos Santos Cabral, o dom Cabral, primeiro arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, chega à capital e assume a nova diocese – a Arquidiocese de BH foi instituída em 1921. Entre as muitas tarefas, estava o desafio de construir a Catedral Cristo Rei, mas as dificuldades da época e uma enfermidade que o acometeu adiaram por décadas este sonho
2004 Ao chegar a BH e assumir a Arquidiocese de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo toma conhecimento da proposta de construção da catedral de BH
2005 Dom Walmor vai ao Rio de Janeiro e se encontra com o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) para solicitar uma nova concepção arquitetônica para a Catedral Cristo Rei. Depois de um período de avaliação, fica decidido que a catedral será construída na Avenida Cristiano Machado, no Bairro Juliana, na Região Norte da cidade
2006 Niemeyer apresenta a concepção arquitetônica do templo
2010 Depois de um período de discussões e planejamento, a Arquidiocese de BH e o escritório de Oscar Niemeyer assinam o contrato referente aos projetos do conjunto arquitetônico da Catedral Cristo Rei
2011 Em 20 de novembro, o terreno recebe a cruz da Catedral Cristo Rei, de 20 metros de altura. Com a participação de milhares de fiéis, dom Walmor abençoa a pedra fundamental proveniente do Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Grande BH
2012 Arquidiocese de BH e Mendes Júnior, construtora especializada na execução de projetos de Oscar Niemeyer, assinam protocolo de intenções para as obras da catedral
2013 Em 7 de abril, começam os trabalhos de sondagem, limpeza e colocação de tapumes
2013 Em 4 de novembro, começam os serviços de terraplenagem e contenção de terra