O ano que passou foi de atividade intensa para Sara, de 2 anos, e Cecília, de 3. As duas pequenas desbravam vários parques novos da capital junto com as mães, as publicitárias Miriam Barreto e Flávia Pellegrini, idealizadoras do blog Na Pracinha. O objetivo é este: conhecer, avaliar, mostrar, informar e, principalmente, incentivar que outras famílias levem seus filhos para ocupar os parques e praças da cidade. Elas, conta Miriam, se surpreenderam com a quantidade de áreas que a capital oferece. “Conhecemos o Tom Jobim, que é superconservado e não é muito frequentado, outro no Bairro Cruzeiro, o Amílcar Vianna Martins, o Cássia Eller, que fica em um condomínio no Castelo, mas é público. Foram muitos”, relembra.
Para ela, a cidade tem muitas opções para levar as crianças, mas falta o hábito. “Depois que começamos com o blog recebemos várias indicações de parques e praças, muitos ainda nem demos conta de visitar”, disse Miriam, contando que por meio de uma amiga descobriu uma praça perto de sua casa, no Bairro São Lucas. “Tinha o hábito de ir à Praça Floriano Peixoto até uma amiga me dizer sobre uma praça linda, adotada por uma escola pública, que fica a cinco quarteirões da minha casa. Fica na parte mais alta do São Lucas e tem uma vista estupenda.”
No geral, Miriam considera que os espaços podiam ser mais bem conservados, pelo poder público e especialmente pela população. “Acho que falta às pessoas sentirem que esses espaços são delas, que elas precisam cuidar deles. O poder público ao mesmo tempo quer ver movimento nesses lugares. Normalmente, os parques e praças melhores conservados são adotados por empresas, escolas, ou ficam em condomínios, como no caso do Parque Cássia Eller, no Castelo”, afirmou.
O presidente da Fundação de Parques Municipais, Hugo Otávio Costa Vilaça, concorda que essa é uma medida interessante para a prefeitura e que tem dado certo. O Cássia Eller foi criado como medida de compensação ambiental pela construção de condomínios na região do Castelo. Ele tem cerca de 28 mil metros quadrados e, para Miriam Barreto e o presidente da fundação, é um exemplo de conservação. Tem brinquedos, áreas para contemplação da paisagem, mesas de jogos, equipamentos para ginástica, segurança e está sempre limpo.
Para que isso tudo seja mantido, os visitantes passam por uma cancela, apesar de ser um espaço público. “É um modelo interessante porque a associação de moradores cuida do parque muito bem, mas ele é público. A cidade é muito grande e temos inúmeras possibilidades para novos espaços”, afirmou Vilaça. Os parques são criados por meio do Orçamento Participativo, medidas compensatórias ou projetos de lei aprovados na Câmara Municipal. Também é possível adotar um espaço por meio do projeto Adote o verde. “A prioridade é buscar melhorias na conservação e na segurança dos espaços.”
VOTAÇÃO Mesmo dispostos a incentivar a população a frequentar mais os parques da cidade, a prefeitura sentiu, no Orçamento Participativo Digital deste ano, que os moradores querem seus espaços conservados. Entre três áreas prioritárias para obras – urbanização e revitalização de espaços públicos, ampliação do sistema de videomonitoramento e construção de espaço multiuso para eventos culturais, esportivos e de lazer – a primeira venceu a votação. É um pedido para a construção ou revitalização de 18 espaços da cidade, entre praças, canteiros, parques lineares e pistas de caminhada. (PG)
600 mil
é a frequência no Parque Municipal Américo Renné Gianetti, no Centro de BH, o mais visitado
30 mil
é a média de pessoas por mês nos parques Mangabeiras, Serra do Curral e Mirante do Mangabeiras
18
metros quadrados por habitante é a quantidade de área verde em Belo Horizonte
73
é o número de parques mantidos pela Fundação de Parques Municipais. O Parque Ecológico da Pampulha é o único mantido pela Fundação Zoo-Botânica
Capital do Verde
Belo Horizonte está entre as cinco cidades mais arborizadas do país. No ranking estão Goiânia (GO), em primeiro lugar, seguida de Campinas, BH, Curitiba e João Pessoa. A pesquisa não contou somente parques e praças, mas principalmente toda a vegetação no entorno das residências. A capital mineira tem hoje, segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 18 metros quadrados de área verde por habitante, enquanto Curitiba tem 51. São Paulo é a capital que mais agoniza. Dados da Secretaria de Meio Ambiente Paulistana informam que a cidade tem apenas 2,6 metros quadrados de área verde por habitante. O recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são 12,8 metros quadrados.