A decoração natalina, que começa a ser retirada hoje da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, provocou efeitos colaterais no importante espaço de Belo Horizonte. E causa agora indignação. Ontem, Dia de Reis, moradores e visitantes estavam preocupados com a situação do gramado, em alguns pontos totalmente destruído e sem vestígios da cobertura verde devido ao pisoteio dos milhares de pessoas em visita ao espaço público desde 3 de dezembro. “Estou horrorizada, pois a grama desapareceu e ficou a terra aparente, dando a ideia de passagem natural. Assim, todo mundo vai caminhar sem problemas”, disse a designer de joias Maria Regina do Nascimento Jorge, moradora do Bairro Cruzeiro, na mesma região.
Frequentadora desde criança da praça, já que morava no Bairro de Lourdes, Maria Regina se assustou quando notou que pisava no lugar onde antes havia cobertura vegetal. “Tenho o maior cuidado. Este é um lugar lindo, não merece ser tratado assim. Foi um desrespeito”, lamentou, depois de se refrescar, sob o sol forte da tarde, no concorrido chafariz. A situação pior está bem em frente ao Museu das Minas e do Metal, instalado no antigo prédio da Secretaria da Educação, e numa área próxima ao monumento em homenagem ao jornalista Azevedo Júnior. “É uma pena este estrago”, disse.
O local mais atingido fica debaixo de um pórtico, onde a multidão se reunia para ver as quatro figuras de Papai Noel e os ursinhos em gangorras. Acompanhados de um amigo francês e uma baiana, os estudantes Tadeu Soares, de 23, de direito, e Laura Cardoso, de 22, de design gráfico, também se espantaram com os danos. “Muito mais do que uma passagem, parece um jardim morto”, comentou a jovem, enquanto Tadeu destacava que os responsáveis pelo projeto de decoração da Praça da Liberdade deveriam ter escolhido os pontos com piso de cimento para colocar o Bom Velhinho e os brinquedos para as crianças. “Precisam estruturar melhor antes para não precisar restaurar o gramado”, lembrou o estudante de direito.
Brincando com o filho Gabriel e comemorando o aniversário de quatro anos do garoto, o enfermeiro Guilherme Rodrigues Almeida, de 34, morador do Bairro Silveira, na Região Nordeste, sugeriu que no fim do ano os pontos mais interativos no período natalino fiquem sobre tablados ou outro tipo de base, a fim de evitar a degradação.
PROVIDÊNCIAS
A Cemig, via assessoria de imprensa, informa que a desmontagem da decoração vai durar de três a quatro dias, quando então será feita a avaliação a respeito dos danos. “A empresa está atenta e fará os reparos”, adiantaram assessores da estatal energética. Já a Vale, responsável pela manutenção do espaço há mais de 20 anos, informou que antes da instalação da decoração com tema eventos esportivos, em referência à Copa’2014, foi feito um relatório sobre a situação da praça em parceria com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Com o documento, será mais fácil verificar os estragos.