(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Frios, assassinos confessam estupro e revelam que intenção era roubar carro de casal

Dupla confessa estupro da advogada e execução do casal com seis tiros na Serra do Cipó. Polícia Civil procura arma do crime e investiga se os assaltantes receberam ajuda de outra pessoa


postado em 10/01/2014 06:00 / atualizado em 10/01/2014 07:03

Com o rosto queimado, Marcos, de 25 anos, ficou calado, mas a polícia diz que ele já confessou. Helton, de 19, revelou detalhes(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
Com o rosto queimado, Marcos, de 25 anos, ficou calado, mas a polícia diz que ele já confessou. Helton, de 19, revelou detalhes (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)

Dois assassinatos a sangue frio, dois estupros, troca de acusações, contradições e dúvidas. A brutalidade da execução do casal de advogados na Serra do Cipó, no último fim de semana, foi revelada nessa quinta-feira em detalhes por um dos assassinos confessos. Morador de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas, Helton Moreira de Castro, de 19, admitiu ter matado Alexandre Werneck de Oliveira, de 46, e a namorada dele, Lívia Viggiano Rocha Silveira, de 39, na cidade, no último fim de semana. Marcos Magno Peixoto Faria, de 25 anos, também morador da cidade, já havia confessado, segundo a polícia. Apesar de ainda não ter sido divulgado o resultado do exame técnico, os dois confessaram ainda que estupraram e mataram Lívia a tiros, depois de terem executado Alexandre. Helton chegou a anunciar o crime friamente durante a apresentação da dupla à imprensa, na sede do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) da Polícia Civil, em Belo Horizonte.

O casal estava hospedado numa pousada e foi ao mirante ver o pôr do sol, quando acabou atacado pelos dois criminosos, que chegaram de moto. Com o crime esclarecido, as investigações agora tentam solucionar dúvidas e contradições, como a participação de mais uma pessoa no crime, a localização da arma usada para matar o casal e qual seria o fim da caminhonete Hilux, que foi incendiada porque os assassinos não conseguiram ligá-la depois do assalto.

Ontem, momentos antes da apresentação, Marcos e Helton ainda não haviam confessado a violência sexual. Mas policiais conseguiram arrancar uma confissão informal, depois de siafirmar à dupla que o resultado da necropsia teria apontado o estupro. “A intenção era pegar um carro. A gente não queria matar ninguém. No caminho, capotei a moto e fiquei distante do Marcos. Quando cheguei ao local ele já tinha matado o cara e, daí para a frente, o Marcos a violentou sexualmente, e depois, eu. Assumo que fiz isso. Em seguida ele disparou contra ela”, admitiu Helton.
 Marcos tem dificuldade de audição e de fala, o que impediu uma explicação para sua versão. A polícia afirma que ele garante que participou do assassinato do casal, mas que os tiros foram divididos com Helton.

Alexandre foi baleado quatro vezes, sendo três na cabeça e um no braço, enquanto a namorada levou dois tiros na cabeça. Segundo o delegado Thiago Saraiva, da delegacia de desaparecidos, o assassinato dos dois pode ter sido motivado pela violência sexual, já que a dupla queria apagar os indícios e a covardia pode ter causado uma reação de Alexandre dentro do veículo. “Uma das hipóteses é que eles eliminaram com receio do reconhecimento”, disse. A versão foi confirmada por Helton, que foi frio mais uma vez ao informar o destino dos R$ 170 roubados do casal. “Ele (Marcos) ficou com R$ 120 e me deu R$ 50. Eu comi lanche na rua com esse valor”, diz.

Apesar da crueldade, os dois não têm longa ficha criminal. Marcos é filho de um sargento aposentado da Polícia Militar que trabalhou em Conceição do Mato Dentro e é muito conhecido na cidade. O rapaz fazia bicos no município e tem ficha por lesão corporal, além de ser investigado por furto e tráfico de drogas. Ele prestava pequenos serviços para um dono de uma pousada e de uma fábrica de velas em Conceição. Ele era uma espécie de faz-tudo, que atuava especialmente na fábrica. “Isso foi um choque para a cidade inteira, que é muito religiosa e cheia de tradições. A brutalidade impressionou demais”, diz o empresário, que preferiu não se identificar. Já Helton, que está desempregado, é fichado por uso de drogas. Ele mora com a avó em um barracão na periferia da cidade.

 Tentativa de ligar a hilux

A Polícia Civil não descarta a participação de outra pessoa no assassinato do casal, segundo o delegado Thiago Saraiva, da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, que vai comandar o inquérito com apoio da Delegacia de Conceição do Mato Dentro. Outra dúvida que intriga os investigadores é a real intenção dos criminosos ao abordarem Alexandre e Lívia. “Temos a informação de que eles já tinham uma pessoa a quem iriam passar por R$ 5 mil o carro roubado”, afirmou Saraiva. Se essa possibilidade se confirmar, também entra em cena a figura de um receptador.

Outra informação apurada é sobre o primeiro retorno da dupla ao local do crime. Segundo a polícia, na sexta-feira, dia do assalto, Marcos e Helton foram surpreendidos pelo sistema antifurto da Hilux. No sábado ou no domingo, eles voltaram para tentar recarregar a bateria, pensando que o problema fosse falta de carga. Para tanto, outro veículo pode ter sido usado no local, segundo fontes da investigação, já que a bateria de uma moto não daria conta de recarregar o equipamento de uma caminhonete de grande porte. A informação passada pelos criminosos é de que um táxi foi usado para transportar Marcos até o local, mas ainda será checada.

A polícia também aguarda resultados de laudos técnicos para confirmar o calibre da arma usada para dar os seis tiros no casal (quatro em Alexandre e dois em Lívia). O revólver ainda não foi encontrado. Cápsulas usadas de calibre 22 foram encontradas na casa da dupla e serão comparadas com os projéteis recolhidos no local do crime.

“Eles podem ser indiciados por latrocínio, estupro e ocultação de cadáver e pegarem mais de 40 anos de prisão”, afirmou o delegado. Também não está totalmente descartada a participação de um menor de 17 anos na execução. “A princípio, ele foi convidado por Marcos para cometer o crime e se recusou”, informou o delegado. No dia seguinte, ajudou Marcos a arrancar as placas do veículo e a jogá-las no rio, além de também ajudar a queimar o veículo, segundo a polícia.

A investigação

O QUE A POLÍCIA JÁ SABE
Marcos e Helton abordaram de moto Alexandre e Lívia no mirante na Serra do Cipó

O casal foi levado na Hilux para a beira do rio, onde foi assaltado, assassinado e jogado no rio

Lívia foi amarrada e estuprada pela dupla

Os assaltantes não conseguiram levar o veículo devido ao sistema antifurto, que não permitiu a ignição

Participação de um menor, que ajudou a arrancar as
placas e a queimar a Hilux

O QUE FALTA DESCOBRIR
Onde está o revólver usado no crime

Se os criminosos pretendiam mesmo vender o veículo por
R$ 5 mil e dividir o dinheiro

Possível participação de outra pessoa, além do menor, que teria ajudado na tentativa de ligar a Hilux

Se os quatro tiros disparados em Alexandre Werneck e os dois em Lívia Silveira foram divididos pela dupla

Quem é a testemunha que ajudou Helton quando ele caiu da moto enquanto seguia a Hilux, na qual estavam Marcos e o casal


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)