Um misto de curiosidade, indignação e indiferença tomou conta das pessoas que passavam nessa sexta-feira pela esquina das ruas Rua Pernambuco e Inconfidentes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ao se depararem com seis pombos no chão e quatro em sopro de vida no alto da marquiseJunto a sacos de lixo, uma caixa de papelão com restos de pão e o suposto veneno“É chumbinhoConheçoColocaram para acabar com os bichinhosNão está certo”, diz o morador que não quer aparecerOutra voz rouba a cena: “Essa praga só traz doença!”, diz o barbudoUm depoimento, senhor? “NãoObrigadoNão quero problema com esse povo protetor de animais”, esquiva-seCuriosos se juntam ao movimento polêmico em torno dos corpos das aves na calçada.
Um jovem casal participa do debate
Reinaldo Fraga, de 42, pesquisa no celular e mostra o resultado: “LeptospiroseVeja só a calçada… olha a sujeira que eles fazemTem uma escola aqui em frente
INDIGNAÇÂO “No Brasil, quando não se dá conta, mata”, brada Maria Beatriz Constantino, dona do imóvel de esquina – onde vivem os pombosA advogada diz que “os assassinos” estão promovendo o extermínio para atingi-la“É minha única alegria: cuidar dos animaisSabem o quanto defendo a natureza, o quanto gosto dos bichos”, diz, transtornadaPara a advogada, o aumento do número de pombos na esquina é porque eles se comunicam e sabem que ali são respeitados e bem tratados por ela“Há uns 10 anos cuido dos pombos e de uns tempos para cá começaram a envenená-losIsso é um crime”, lamenta.
Não é a primeira vez que Maria Beatriz lida com esse tipo de absurdo no endereço em que nasceu nos anos 1940Antes dos pombos, a advogada viu seus gatos, “uma a um”, envenenados por “assassinos”“Mais de 10Quase todos mortos dessa forma covarde”, emociona-sePara a advogada, para entender a violência crescente, basta ver o que o homem tem feito com a natureza“É por isso…” – aponta os pombos mortos na calçada – “… é por isso que hoje temos tantos criminososTantos bandidos que não dão o menor valor à vidaQuem faz isso com os bichos, faz o mesmo com o semelhanteO homem é o lobo do homem”, diz, parafraseando o filósofo inglês Thomas Hobbes.