Jornal Estado de Minas

Mortes de pedestres no Anel Rodoviário aumentam 54% em 2013

Acidente acontecem devido principalmente ao descaso pelas passarelas. Número de acidentes e feridos diminuiu

Guilherme Paranaiba

Mesmo perto de passarela, mulher se arrisca e atravessa na frente de carros, muitos em alta velocidade - Foto: PAULO FILGUEIRASEM/D.A PRESS


As mortes no Anel Rodoviário aumentaram 12,9% no ano passado em comparação com 2012Os dados do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) revelam o aumento do número de atropelamentos, que chegou a  54% no mesmo período (11 para 17)Como os motociclistas, a segurança de pedestres é o maior desafio para as autoridadesJuntos, eles somaram 30 mortes no ano passadoEm contrapartida, o número de acidentes e de feridos diminuiuPara o tenente Geraldo Donizete, que comanda o policiamento nos 26 quilômetros da via, os radares tiveram papel importante na redução dos acidentes, mas a insistência dos moradores das vilas às margens da rodovia em atravessar fora das passarelas foi decisiva para o aumento das mortes

Segundo Geraldo Donizete, a título de comparação, em 2011 foram registradas 11 mortes na descida do Anel nos bairros Olhos D’água (Barreiro) e Betânia (Oeste)Em 2012, esse número caiu para três, enquanto no ano passado não houve óbito no trecho, no Olhos D’água“O problema são os atropelamentosCada vez mais pessoas estão vivendo às margens do Anel e esses moradores não criam o hábito de usar as passarelas”, afirmou o militarEle explicou que, nesse caso, a melhor estratégia é usar grades na mureta central, medida que estava prevista no plano de obras emergenciais que deu lugar à reforma definitiva da via por onde passam cerca de 154 mil veículos por dia


Donizete explica ainda que o maior gargalo está nos kms 25, perto do entroncamento com a MG-5, e 26, no trevão que delimita o fim da rodovia e dá acesso à BR-381, onde fica a Vila da Luz, no Bairro Jardim Vitória, Região NordesteEle informou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) autorizou a instalação de dois radares no trecho, para tentar diminuir a velocidade dos veículos e evitar  atropelamentosBastaram alguns minutos na região para flagrar a imprudênciaUma mulher atravessou sem qualquer segurança, quase no cruzamento com a MG-5, em local onde há passarela próximaMaria Pereira da Silva, de 22 anos, desconversou: “Não costumo fazer issoSó fiz hoje porque a passarela está muito longe”Na maioria dos casos, os pedestres se aproveitam de buracos nas muretas para transpor a barreira de concreto

Outro problema é o conflito entre caminhões e carretas e motosO mau hábito de motociclistas de andar nos corredores em uma via como o Anel acaba esbarrando na conduta de caminhoneiros em transitar pela faixa da esquerda“Vira e mexe os caminhões pegam os motociclistas no corredor e aí eles não têm a mínima chance”, disse Donizete

Na altura do Bairro Goiânia, Nordeste da capital, a reportagem também flagrou caminhões trafegando pela esquerda e veículos pesados que não mantêm a distância de segurança“Multamos os infratores, mas não temos como estar em todos os lugares”, afirmou o militarSó os caminhões são cerca de 17% do volume diário, o que significa cerca de 26 mil veículos pesados no trecho diariamente.

Motoristas apontam o excesso de velocidade como a maior causa de acidentesO mecânico Mayrink Gomes Neto, de 31, diz que já viu de tudo na rodovia“Os motoristas não respeitam o limiteA chance de uma tragédia é muito maiorJá vi até caminhoneiro descendo com cigarro de maconhaQuando viu a polícia, ele guardou”, conta o mecânicoO comerciante Josué Augusto de Souza Aguiar, de 27, lembra que são muitos veículos no Anel: “Só espalhando radares em todo o trecho para fiscalizar todo mundo”.

Apesar de o Anel ser de responsabilidade do Dnit, um convênio com a Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop) atribuiu ao governo do estado a responsabilidade pela licitação do projeto de recuperação da viaSegundo a Setop, a previsão é de que o projeto de engenharia da reforma seja entregue em novembroMas os trechos da Avenida Amazonas, Avenida Ivaí (Praça São Vicente) e Avenida Pedro II, considerados mais críticos, terão licitação de obras antecipadaO Departamento de Estradas de Rodagem (DER) enviou ao Dnit em 10 de janeiro uma minuta com as informações sobre as intervenções nesses três cruzamentos e aguarda autorização do órgão federal para iniciar a licitação