As mortes no Anel Rodoviário aumentaram 12,9% no ano passado em comparação com 2012. Os dados do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) revelam o aumento do número de atropelamentos, que chegou a 54% no mesmo período (11 para 17). Como os motociclistas, a segurança de pedestres é o maior desafio para as autoridades. Juntos, eles somaram 30 mortes no ano passado. Em contrapartida, o número de acidentes e de feridos diminuiu. Para o tenente Geraldo Donizete, que comanda o policiamento nos 26 quilômetros da via, os radares tiveram papel importante na redução dos acidentes, mas a insistência dos moradores das vilas às margens da rodovia em atravessar fora das passarelas foi decisiva para o aumento das mortes.
Segundo Geraldo Donizete, a título de comparação, em 2011 foram registradas 11 mortes na descida do Anel nos bairros Olhos D’água (Barreiro) e Betânia (Oeste). Em 2012, esse número caiu para três, enquanto no ano passado não houve óbito no trecho, no Olhos D’água. “O problema são os atropelamentos. Cada vez mais pessoas estão vivendo às margens do Anel e esses moradores não criam o hábito de usar as passarelas”, afirmou o militar. Ele explicou que, nesse caso, a melhor estratégia é usar grades na mureta central, medida que estava prevista no plano de obras emergenciais que deu lugar à reforma definitiva da via por onde passam cerca de 154 mil veículos por dia.
Donizete explica ainda que o maior gargalo está nos kms 25, perto do entroncamento com a MG-5, e 26, no trevão que delimita o fim da rodovia e dá acesso à BR-381, onde fica a Vila da Luz, no Bairro Jardim Vitória, Região Nordeste. Ele informou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) autorizou a instalação de dois radares no trecho, para tentar diminuir a velocidade dos veículos e evitar atropelamentos. Bastaram alguns minutos na região para flagrar a imprudência. Uma mulher atravessou sem qualquer segurança, quase no cruzamento com a MG-5, em local onde há passarela próxima. Maria Pereira da Silva, de 22 anos, desconversou: “Não costumo fazer isso. Só fiz hoje porque a passarela está muito longe”. Na maioria dos casos, os pedestres se aproveitam de buracos nas muretas para transpor a barreira de concreto.
Outro problema é o conflito entre caminhões e carretas e motos. O mau hábito de motociclistas de andar nos corredores em uma via como o Anel acaba esbarrando na conduta de caminhoneiros em transitar pela faixa da esquerda. “Vira e mexe os caminhões pegam os motociclistas no corredor e aí eles não têm a mínima chance”, disse Donizete. Na altura do Bairro Goiânia, Nordeste da capital, a reportagem também flagrou caminhões trafegando pela esquerda e veículos pesados que não mantêm a distância de segurança. “Multamos os infratores, mas não temos como estar em todos os lugares”, afirmou o militar. Só os caminhões são cerca de 17% do volume diário, o que significa cerca de 26 mil veículos pesados no trecho diariamente.
Motoristas apontam o excesso de velocidade como a maior causa de acidentes. O mecânico Mayrink Gomes Neto, de 31, diz que já viu de tudo na rodovia. “Os motoristas não respeitam o limite. A chance de uma tragédia é muito maior. Já vi até caminhoneiro descendo com cigarro de maconha. Quando viu a polícia, ele guardou”, conta o mecânico. O comerciante Josué Augusto de Souza Aguiar, de 27, lembra que são muitos veículos no Anel: “Só espalhando radares em todo o trecho para fiscalizar todo mundo”.
Apesar de o Anel ser de responsabilidade do Dnit, um convênio com a Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop) atribuiu ao governo do estado a responsabilidade pela licitação do projeto de recuperação da via. Segundo a Setop, a previsão é de que o projeto de engenharia da reforma seja entregue em novembro. Mas os trechos da Avenida Amazonas, Avenida Ivaí (Praça São Vicente) e Avenida Pedro II, considerados mais críticos, terão licitação de obras antecipada. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) enviou ao Dnit em 10 de janeiro uma minuta com as informações sobre as intervenções nesses três cruzamentos e aguarda autorização do órgão federal para iniciar a licitação.