Jornal Estado de Minas

BRT muda trânsito de BH radicalmente

Pedestres e condutores precisarão se adaptar às alterações que darão passagem ao novo sistema de transporte de BH, como na Avenida Carandaí

Mateus Parreiras Valquiria Lopes

Carandaí, na esquina com a Afonso Pena, terá três sentidos para facilitar circulação dos ônibus do novo sistema de transporte, inclusive com mão inglesa\ - Foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS


As mudanças radicais na circulação no Hipercentro e na área hospitalar nos últimos dois meses para o funcionamento do Transporte Rápido por Ônibus (BRT), chamado de Move, exigirá mais atenção dos motoristas para evitar transtornos e acidentesAmanhã será iniciada na área hospitalar, principalmente na Avenida Carandaí, a penúltima intervenção da quarta fase de implantação do sistema, previsto para começar a operar em 15 de fevereiroA quinta e última fase, à qual a reportagem do Estado de Minas teve acesso com exclusividade, contemplará a região da Praça Raul Soares, finalizando o ciclo de obras, inversão de sentidos e implantação de mãos inglesas, que já somam sete grandes obras desde dezembro.
A quinta fase de adequações viárias para o Move busca dar mais fluidez à Avenida Amazonas para o tráfego dos ônibus articulados até a Avenida Augusto de Lima, no caminho para os hospitaisPara isso, eliminar o acesso à Rua Araguari à esquerda pela Avenida Amazonas no sentido Raul Soares é considerado chave pelo superintendente de Implantação e Manutenção da BHTrans, José Carlos Ladeira

“É a principal mudança no local para permitir fluxo mais livre para o MoveÉ importante destacar que os ônibus articulados não circularão pela Raul Soares”, afirmouMudanças de tráfego também serão necessárias em trechos do cruzamento das avenidas Amazonas e Barbacena; na Avenida do Contorno, entre as ruas Araguari, Tamóios e o Viaduto Castelo Branco; e na Avenida Bias Fortes, nos cruzamentos entre ruas Curitiba e Timbiras e das ruas Mato Grosso e Tupis.
A transformação da Carandaí em via de três sentidos começa amanhãE a BHTrans já avisou que ainda não será possível perceber melhorias como a redução da concentração de ônibus na frente dos hospitais João XXIII e das ClínicasA antiga pista de sentido Centro será dividida em duas, de direções opostas, para a Afonso Pena e a Alfredo Balena, enquanto a via que servia de caminho aos hospitais passa a ser invertida (mão inglesa) para o sentido Rua dos Guajajaras, atravessando a Afonso PenaA Rua Pernambuco não dará mais acesso à Alameda Ezequiel Diasradares serão instalados no corredor para disciplinar o tráfego nas faixas exclusivas do Move.

Segundo o diretor de Sistema Viário da BHTrans, Edson Amorim de Paula, a melhor fluidez do tráfego na frente do João XXIII e do Hospital das Clínicas só ocorrerá com as últimas alterações
“Os pedestres e o Move serão privilegiados nos deslocamentos para os hospitaisMas ainda haverá tráfego pesado até que se façam intervenções na Praça Lucas Machado”, afirmou.

As obras devem começar na próxima semanaA expectativa da BHtrans é de que a velocidade média do tráfego no Hipercentro e nos hospitais suba de 12 km/h para 26 km/hA distância percorrida nessas duas regiões aumentaria de 81.842 quilômetros rodados para 151.195, com o espaço para mais veículos

As alterações de sentidos e implantação de mãos inglesas consideradas positivas pelo doutor em engenharia de transportes Frederico Rodrigues, mas precisam ser implantadas com muita eficiência“O pedestre é quem mais fica exposto, porque está acostumando a olhar para um lado diferente antes de atravessar, por isso, precisa de informação e sinalização bem claraAos poucos os motoristas se acostumam”, afirma.

DÚVIDAS AO VOLANTE

Motoristas que trafegam pela região onde as mudanças serão implantadas têm dúvida sobre a eficiência da medidaA estudante Patrícia Brand, de 21 anos, acha que o fechamento da conversão à esquerda da Amazonas para a Araguari vai piorar o trânsito, já complicado na região“Esse caminho é a melhor opção para quem vem do Barreiro e cidades vizinhas, como Contagem e Betim, e quer acessar as avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado e a região da rodoviária”, diz“Fechar essa passagem significa mais congestionamento nos quarteirões adiante”, completa.

O taxista Anselmo Martins Costa, de 37, também não vê com bons olhos as alterações para implantação do BRT: “A gente passa um dia e o trânsito está de um jeito
No dia seguinte, é preciso aprender a andar por aquele lugar novamente porque está tudo diferente”Para ele, fechar o cruzamento pode significar em mais tempo nas viagens, uma vez que os motoristas precisarão dar voltas para chegar a destinos feitos com a circulação atual.

 

  - Foto: