As mudanças radicais na circulação no Hipercentro e na área hospitalar nos últimos dois meses para o funcionamento do Transporte Rápido por Ônibus (BRT), chamado de Move, exigirá mais atenção dos motoristas para evitar transtornos e acidentes. Amanhã será iniciada na área hospitalar, principalmente na Avenida Carandaí, a penúltima intervenção da quarta fase de implantação do sistema, previsto para começar a operar em 15 de fevereiro. A quinta e última fase, à qual a reportagem do Estado de Minas teve acesso com exclusividade, contemplará a região da Praça Raul Soares, finalizando o ciclo de obras, inversão de sentidos e implantação de mãos inglesas, que já somam sete grandes obras desde dezembro.
A quinta fase de adequações viárias para o Move busca dar mais fluidez à Avenida Amazonas para o tráfego dos ônibus articulados até a Avenida Augusto de Lima, no caminho para os hospitais. Para isso, eliminar o acesso à Rua Araguari à esquerda pela Avenida Amazonas no sentido Raul Soares é considerado chave pelo superintendente de Implantação e Manutenção da BHTrans, José Carlos Ladeira.
“É a principal mudança no local para permitir fluxo mais livre para o Move. É importante destacar que os ônibus articulados não circularão pela Raul Soares”, afirmou. Mudanças de tráfego também serão necessárias em trechos do cruzamento das avenidas Amazonas e Barbacena; na Avenida do Contorno, entre as ruas Araguari, Tamóios e o Viaduto Castelo Branco; e na Avenida Bias Fortes, nos cruzamentos entre ruas Curitiba e Timbiras e das ruas Mato Grosso e Tupis.
A transformação da Carandaí em via de três sentidos começa amanhã. E a BHTrans já avisou que ainda não será possível perceber melhorias como a redução da concentração de ônibus na frente dos hospitais João XXIII e das Clínicas. A antiga pista de sentido Centro será dividida em duas, de direções opostas, para a Afonso Pena e a Alfredo Balena, enquanto a via que servia de caminho aos hospitais passa a ser invertida (mão inglesa) para o sentido Rua dos Guajajaras, atravessando a Afonso Pena. A Rua Pernambuco não dará mais acesso à Alameda Ezequiel Dias. radares serão instalados no corredor para disciplinar o tráfego nas faixas exclusivas do Move.
Segundo o diretor de Sistema Viário da BHTrans, Edson Amorim de Paula, a melhor fluidez do tráfego na frente do João XXIII e do Hospital das Clínicas só ocorrerá com as últimas alterações. “Os pedestres e o Move serão privilegiados nos deslocamentos para os hospitais. Mas ainda haverá tráfego pesado até que se façam intervenções na Praça Lucas Machado”, afirmou.
As obras devem começar na próxima semana. A expectativa da BHtrans é de que a velocidade média do tráfego no Hipercentro e nos hospitais suba de 12 km/h para 26 km/h. A distância percorrida nessas duas regiões aumentaria de 81.842 quilômetros rodados para 151.195, com o espaço para mais veículos.
As alterações de sentidos e implantação de mãos inglesas consideradas positivas pelo doutor em engenharia de transportes Frederico Rodrigues, mas precisam ser implantadas com muita eficiência. “O pedestre é quem mais fica exposto, porque está acostumando a olhar para um lado diferente antes de atravessar, por isso, precisa de informação e sinalização bem clara. Aos poucos os motoristas se acostumam”, afirma.
DÚVIDAS AO VOLANTE
Motoristas que trafegam pela região onde as mudanças serão implantadas têm dúvida sobre a eficiência da medida. A estudante Patrícia Brand, de 21 anos, acha que o fechamento da conversão à esquerda da Amazonas para a Araguari vai piorar o trânsito, já complicado na região. “Esse caminho é a melhor opção para quem vem do Barreiro e cidades vizinhas, como Contagem e Betim, e quer acessar as avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado e a região da rodoviária”, diz. “Fechar essa passagem significa mais congestionamento nos quarteirões adiante”, completa.
O taxista Anselmo Martins Costa, de 37, também não vê com bons olhos as alterações para implantação do BRT: “A gente passa um dia e o trânsito está de um jeito. No dia seguinte, é preciso aprender a andar por aquele lugar novamente porque está tudo diferente”. Para ele, fechar o cruzamento pode significar em mais tempo nas viagens, uma vez que os motoristas precisarão dar voltas para chegar a destinos feitos com a circulação atual.