Dentro de 15 dias, empresas especializadas no manejo de animais devem começar a ser convocadas para apresentar orçamentos de retirada das capivaras da orla da Lagoa da Pampulha, Região Norte de Belo Horizonte. A prefeitura da capital aguarda apenas um parecer jurídico da Procuradoria Geral do Município (PGM), já que o procedimento exigirá licitação. Segundo o vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente, Délio Malheiros, além do problema relacionado ao carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa e se hospeda nas capivaras, no fim do ano passado dois pousos de aviões no Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, o Pampulha, foram abortados porque os pilotos observaram a presença dos animais no leito do Córrego da Pampulha, nas proximidades da pista de pouso. “Esse é mais um fato que nos leva a fazer o manejo em regime de emergência. A licitação poderia demorar muito”, disse o vice-prefeito. Outra situação que preocupa é a degradação dos jardins projetados por Burle Marx.
Délio Malheiros explica que, em dezembro, em três episódios diferentes capivaras foram flagradas beirando o leito do Córrego da Pampulha, afluente do Ribeirão do Onça, que recebe as águas da lagoa que passam pelo vertedouro. “Em nenhum dos casos as capivaras estavam dentro da pista de pouso, até porque ela é cercada. Mas em duas situações a constatação foi dos pilotos, e por questões de segurança os pouso foram abortados. Os aviões deram meia volta e aterrissaram depois da garantia de que tudo estava bem”, afirmou. A reportagem percorreu o entorno do aeroporto e conversou com vigias que ficam em guaritas próximas à pista de pouso. Um deles, que preferiu não se identificar, garantiu que os animais já foram vistos em uma área bem próxima de onde descem as aeronaves. “De vez em quando as capivaras aparecem, vindo pelo leito córrego”, disse o vigilante.
Por meio de nota, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou apenas que “foi observada a presença de um animal na área do aeroporto da Pampulha e, por medida de segurança, a pista e o entorno da mesma foram vistoriados para garantir a operacionalidade sem riscos às aeronaves”, diz o texto enviado. A estimativa da PBH é de que cerca de 250 animais serão manejados e as tratativas para definir o local para onde serão levadas já começaram.
O procedimento terá três etapas. Na primeira, os animais serão capturados e levados para um espaço cercado no Parque Ecológico da Pampulha. Depois disso, passarão por exames na Fundação Zoobotânica. Se detectada a contaminação por febre maculosa, as capivaras doentes deverão ser sacrificadas e incineradas. As sadias serão encaminhadas ao local definido pelas autoridades. Inicialmente, a administração pública espera gastar em torno de R$ 350 mil com o manejo. Está prevista uma licitação para garantir a remoção futura de novos animais que chegarem à lagoa por meio dos córregos Ressaca e Sarandi.
ATROPELAMENTO O laudo de necropsia das três capivaras atropeladas em 25 de novembro na orla da lagoa, próximo à Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), no Bairro Braúnas, aponta que elas ingeriram a substância tóxica carbamato, usada em larga escala em pesticidas agrícolas e até em produtos domésticos, o que não dá margem para afirmar se houve envenenamento proposital.
O exame toxicológico detectou que as vísceras dos dois machos e uma fêmea apresentaram amostras do pesticida, mas não liga a morte ao fato. “As implicações dessa detecção nos eventos que culminaram no óbito desses animais são incertas”, afirma o laudo. Os dois machos tiveram fraturas em costelas e a fêmea apresentou laceração muscular. Os três tiveram sangue escorrendo pelas narinas em decorrência da hemorragia causada pelo trauma. Também foi verificado sangue nas traqueias dos animais.