“Eles já chegaram atirando. Mandaram todo mundo deitar no chão e falaram que eram da polícia. Deram chutes, bateram e deram coronhadas. Estavam todos encapuzados”, revelou o integrante de uma comunidade quilombola atacada no domingo em Verdelândia, no Norte do estado, Renilson Diógenes Rodrigues Leite, de 34 anos. Exibindo os hematomas das agressões no rosto e na cabeça, ele conta que levou chutes e ferido a coronhadas de espingarda. Além dele, outros 14 integrantes de comunidades da região estiveram nessa quarta-feira em Belo Horizonte participando de uma reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para tratar dois casos de violência recente na Região Norte do estado. Na primeira delas, em 9 de janeiro, um líder quilombola foi vítima de uma tentativa de homicídio. Já no domingo, o grupo de Renilson, de 30 a 40 pessoas, foi alvo da fúria de jagunços. Segundo a Polícia Civil, está foragido o principal suspeito do segundo ataque, filho do dono da fazenda em disputa.
Os quilombolas estão com medo. Maria José Soares Prates, de 62, também exibe as marcas deixadas pelos jagunços. Segundo ela, dois furos no queixo foram causados por tiros de chumbo. Mas o presidente da Associação Remanescente Quilombola das Comunidades Nativas do Arapuim, que engloba o grupo atacado, Valdomiro Alves da Silva, de 70, mostra um cartucho de espingarda de grosso calibre colhido no local das agressões. “Eles perguntavam para o patrão se era para atirar na cabeça ou jogar gasolina e fogo”, disse ele. Segundo os trabalhadores, o grupo ocupou parte da antiga Fazenda Morro Preto por cerca de três anos, mas foi retirado em novembro de 2012 por decisão de Justiça. No sábado, eles voltaram a ocupar o terreno, mas acabaram surpreendidos no dia seguinte pela truculência dos jagunços.
A delegada Andréa Pochmann, da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Conflitos Agrários, confirmou que o fazendeiro João Fábio Dias, o Joãozinho (filho do atual proprietário da área), participou da ação violenta, na qual 11 pessoas ficaram feridas, duas a tiros. “Os agressores atiraram contra essas pessoas em fuga”, disse a policial, evidenciando a intenção de matar. Há indícios da contratação de pistoleiros no Triângulo Mineiro e no Pará, segundo as autoridades, para agredirem os quilombolas.
DESAPROPRIAÇÂO Quem também acompanha o caso é o procurador de Justiça Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador das promotorias de Conflitos Agrários do Ministério Público de Minas Gerais. Ele ressaltou que a violência contra o mais fraco nas disputas agrárias vem de longa data. “Precisamos de uma atuação firme do MP e do Judiciário para levar os agressores à cadeia. Pessoas que pegam uma escopeta e dão tiros nas outras têm que ser presas”, disse ele. O procurador acredita que é necessária a demarcação das terras dos descendentes de escravos para pôr fim nos conflitos. A Delegacia Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas informou que uma área de 1,8 mil hectares da antiga Fazenda Morro Preto, onde ocorreu a violência, deverá ter a desapropriação ajuizada pelo órgão dentro dos próximos 15 dias.
Os quilombolas estão com medo. Maria José Soares Prates, de 62, também exibe as marcas deixadas pelos jagunços. Segundo ela, dois furos no queixo foram causados por tiros de chumbo. Mas o presidente da Associação Remanescente Quilombola das Comunidades Nativas do Arapuim, que engloba o grupo atacado, Valdomiro Alves da Silva, de 70, mostra um cartucho de espingarda de grosso calibre colhido no local das agressões. “Eles perguntavam para o patrão se era para atirar na cabeça ou jogar gasolina e fogo”, disse ele. Segundo os trabalhadores, o grupo ocupou parte da antiga Fazenda Morro Preto por cerca de três anos, mas foi retirado em novembro de 2012 por decisão de Justiça. No sábado, eles voltaram a ocupar o terreno, mas acabaram surpreendidos no dia seguinte pela truculência dos jagunços.
A delegada Andréa Pochmann, da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Conflitos Agrários, confirmou que o fazendeiro João Fábio Dias, o Joãozinho (filho do atual proprietário da área), participou da ação violenta, na qual 11 pessoas ficaram feridas, duas a tiros. “Os agressores atiraram contra essas pessoas em fuga”, disse a policial, evidenciando a intenção de matar. Há indícios da contratação de pistoleiros no Triângulo Mineiro e no Pará, segundo as autoridades, para agredirem os quilombolas.
DESAPROPRIAÇÂO Quem também acompanha o caso é o procurador de Justiça Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador das promotorias de Conflitos Agrários do Ministério Público de Minas Gerais. Ele ressaltou que a violência contra o mais fraco nas disputas agrárias vem de longa data. “Precisamos de uma atuação firme do MP e do Judiciário para levar os agressores à cadeia. Pessoas que pegam uma escopeta e dão tiros nas outras têm que ser presas”, disse ele. O procurador acredita que é necessária a demarcação das terras dos descendentes de escravos para pôr fim nos conflitos. A Delegacia Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas informou que uma área de 1,8 mil hectares da antiga Fazenda Morro Preto, onde ocorreu a violência, deverá ter a desapropriação ajuizada pelo órgão dentro dos próximos 15 dias.