A novela de retirada das capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) do entorno da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, parece estar perto do fim. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se mostra disposta a receber os mais de 200 mamíferos e levá-los para a sua fazenda modelo no município vizinho de Pedro Leopoldo. Segundo o professor de Produção e Nutrição de Animais Silvestres da Escola de Veterinária, Leonardo Bôscoli Lara, tudo vai depender do interesse da Prefeitura de Belo Horizonte para firmar um convênio com a instituição de ensino. “A PBH se responsabilizará pelo custo da nutrição e funcionários, enquanto a universidade vai se encarregar do manejo e cessão do espaço”, afirmou o veterinário.
Com 660 hectares e uma centena de capivaras que vivem soltas, a fazenda modelo tem espaço suficiente para receber as habitantes da Pampulha. “Mas esses novos animais ficarão presos e tratados de forma digna. Há também o interesse científico e de conservação para as equipes de professores e alunos”, explicou Leonardo. Se vingar o acordo com a municipalidade, uma série de providências será tomada, como separar os machos das fêmeas e colocá-los em abrigos, como os usados para cães. Se necessário, deverá fazer vasectomia dos machos.
As capivaras dão cria duas vezes por ano, podendo gerar de quatro a oito filhotes por gestação, no total de 18 animais por fêmea/ano. No caso específico da lagoa da Pampulha, a reprodução é intensa, pois os bichos não encontram predadores, como onças e a cobra sucuri, tendo à disposição muita água, capim nas margens e alimento farto. “As capivaras estão invadindo as cidades brasileiras”, afirma o professor Leonardo. Os bichos deverão passar ainda por uma quarentena para ser verificado, principalmente, se são hospedeiros do carrapato estrela, transmissor da febre maculosa.
ACORDO A proposta da UFMG agradou o vice-prefeito de BH e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, que vem cuidado do assunto. Na tarde de ontem, ele explicou que o acordo entre as partes vai diminuir os custos da prefeitura. “Essa iniciativa vai facilitar e muito o nosso trabalho”, acrescentou o vice-prefeito. Dentro de 15 dias, empresas especializadas no manejo de animais começam a ser convocadas para apresentar orçamentos de retirada das capivaras. A PBH aguarda apenas um parecer jurídico da Procuradoria Geral do Município (PGM), já que o procedimento será contratado sem licitação. “O plano de manejo já está pronto e será avaliado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)”, disse.