“Vou ficar aqui atrás de você”, avisa à mãe o pequeno Kennedy Marques dos Santos Neto, de 8 anos. Passo a passo, colado com sua protetora, ele adentra o túnel desconhecido, com grades dos dois lados, em busca do felino. O medo logo passa ao avistar o burburinho criado em frente a jaula de Jonas, onça pintada de 70 quilos, aparentemente mansa. Kennedy, assim como a amiga Júlia Lara Monteiro, de 7 anos, quis registrar o momento. Afinal, não é todo dia que os visitantes podem ver os animais assim de pertinho, a poucos centímetros – só mesmo numa data especial. Para comemorar seus 55 anos, o Jardim Zoológico de Belo Horizonte, na Pampulha, fez essa surpresa ao público nesse sábado. Um pequeno grupo de sortudos pôde conhecer o fosso da onça-parda e houve visitas regulares, a cada hora, ao recinto dos elefantes. Nunca na história do zoológico esse tour especial havia sido feito.
A médica-veterinária Maria Elvira Loyola da Costa, que trabalha na instituição desde 1986, fez as honras da casa guiando os visitantes. “Ninguém das crianças – ou dos adultos – pode passar a mão nas grades. Não há uma barreira anterior à elas”, avisou bem-humorada antes de começar o passeio. Enquanto destacava características do animal, como a sua rapidez, ela foi surpreendida pelo avanço da onça nas grades com suas garras e dentes afiados. Ela disse que o susto faz parte do trabalho.
O tratador Vicente Eustáquio de Souza, de 59 anos, sendo 30 deles trabalhados no local, contou que já teve medo dos animais, mas aprendeu a respeitá-los e o contrário acabou se firmando. Além dos felinos, ele cuida dos macacos, dos elefantes e dos tamanduás. Questionado sobre o seu animal favorito, ele tentou desconversar, mas acabou revelando que seu xodó era mesmo o gorila Indi Amin, estrela do zoo que morreu em março de 2012.
Uma fila se formava a cada hora para conhecer a casa dos elefantes. Guiados pelos biólogo Humberto Melo, os visitantes puderam se encantar com as dimensões do maior mamífero terrestre do mundo. Manuella Fernandes, de 5 anos, não se continha em perguntas. “Mamãe, a gente pode entrar lá?”, dizia a garota querendo ultrapassar a cerca de segurança.
Adote um bicho
A prefeitura publicou decreto que cria o programa Parceiros da Natureza, no qual pessoas ou empresas poderão adotar um jardim, uma estufa, um animal ou o seu recinto. Jorge Espeschit, presidente da Fundação Zoo-Botânica de BH, explicou que o parceiro poderá arcar com as despesas totais ou parciais pelo período de um ano. Haverá chamamentos públicos para os interessados apresentarem suas propostas. As placas de sinalização informativa e educativa, além da casa dos répteis, devem ser os primeiros a entrarem no projeto. “Fizemos um estudo preliminar e a reforma no recinto dos répteis deve sair por R$ 50 mil, mais R$ 60 mil anuais da manutenção”, exemplifica. Os felinos, por se alimentarem de carne, tem os custos mais altos dentre todos os animais. Os valores específicos ainda serão estimados.