Jornal Estado de Minas

Via Expressa tem falhas graves na manutenção

Lixo no acostamento, buracos na pista e outros sinais de deterioração comprovam que os poderes públicos há muito tempo não se preocupam com a conservação da Via Expressa

Jorge Macedo - especial para o EM
Guilherme Paranaiba

Além da falta de mobilidade, marcada pelo excesso de semáforos e ausência de viadutos e passarelas, a Via Expressa carece de manutenção básica

No trecho de Contagem, inúmeras situações chamam a atenção, dando a impressão de que a via está completamente abandonada pelo poder públicoVeem-se lixo espalhado, entulho descartado irregularmente e até veículo abandonado no acostamentoOs buracos compõem esse cenário de abandono: no cruzamento com a Avenida João César de Oliveira, motoristas fazem manobras arriscadas para não cair nas crateras

Quem segue no sentido BH/Betim depara com uma caminhonete destruída, largada no acostamento no Bairro Santa Elena, em ContagemO veículo tem pneus furados e lataria enferrujadaNão há mais motor, o que significa que ele deve ficar ainda um bom tempo por ali, caso não seja “importunado” pela prefeituraNa carroceria foi improvisada uma “venda” de frutasAo ser abordado pela reportagem, o atendente desconversou“Não sei de nada, quem pode falar alguma coisa é meu patrão, que não está”, alegou ele.

Outra situação curiosa pode ser vista bem perto da caminhoneteO radar de 60km/h está instalado em uma das faixas de circulação
O concreto já desgastado da base é mais um exemplo de deterioração da Via Expressa.

Lixo

No Bairro Industrial São Luiz, o lixo se acumula no canteiro que divide as pistas principal e marginalSob a passarela no entroncamento da Avenida Helena Vasconcelos Costa, a Via Pepsi, a quantidade de entulho chama a atençãoNas proximidades da Avenida João César de Oliveira, buracos desafiam a perícia dos motoristasManobras bruscas são frequentes e verdadeiras crateras se espalham nas três faixas“Quando você está atrás de um ônibus ou caminhão, é complicadoEles entram nos buracos e acabam escondendo-os da genteQuando percebemos, já não dá mais”, conta o administrador de empresas Felício Santos de Albuquerque Pimenta, de 42 anos

A Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon) afirma que, na quinta-feira, enviou fiscais ao local onde está a caminhonete abandonada, mas eles não conseguiram localizar o dono do veículoNova tentativa estava planejada para sexta-feiraA notificação ao proprietário será publicada no Diário Oficial do Município em cinco dias, fixando prazo de mais cinco para a remoção

Caso ele não cumpra a determinação, a Transcon vai remover a caminhonete para um pátio.

Apesar de a reportagem ter encontrado grandes buracos crateras na pista, a Prefeitura de Contagem, por meio da assessoria de imprensa, informa que a operação tapa-buracos, apoiada pela Transcon, “procede regularmente” e consome 460 toneladas de asfalto por mês, em médiaQuanto ao lixo acumulado em canteiro no Bairro Industrial São Luiz, a Secretaria de Obras, por meio do Departamento de Limpeza Urbana, promete enviar nos próximos dias um técnico fiscal “para avaliar se o lixo é passível de notificação ou de remoção”, além de providenciar a limpeza do local.

- Foto: A prefeitura informa que o terreno sob a passarela no entroncamento da Via Pepsi onde há entulho é de propriedade particular e que a Secretaria de Meio Ambiente vai verificar se o dono tem licença ambiental para efetuar o depósito do material.

 

Excesso de trânsito urbano

O presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon), Agostinho Fernandes da Silveira, reconhece que a Via Expressa não faz jus ao nome“Ela se converteu em avenida urbanaHouve necessidade de adequá-la à realidade da vida municipal devido à frequência exorbitante de 120 mil veículos que transitam por lá por dia, em média”, explicaPara ele, ao menos dois viadutos precisam ser erguidos em Contagem para fazer a ligação entre bairros sem que os carros precisem cruzar a via.

Silveira informa que está prevista a construção de um elevado na altura do Bairro Tropical com alças de acesso à Via Expressa“A obra foi contemplada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)O projeto executivo está pronto e será enviado ao Ministério das CidadesEm três ou quatro meses deveremos contar com recursos para iniciar os trabalhos”, afirmaEle defende a melhoria do transporte público como forma de reduzir o número de veículos particulares em circulação“Celebramos convênio com o ministério e a Caixa Econômica Federal para criar faixa exclusiva para ônibusAté o meio do ano teremos parte da verba liberada para iniciar a obra”, afirma.

O presidente da Transcon admite a necessidade de novas passarelas“Se pudermos fazer de seis a oito no trecho em Contagem, dá para equacionar de forma razoável a segurança dos pedestres, mas isso demanda dinheiroEstamos elaborando estudos técnicos para pleitear recursos junto ao governo federal”, informaSegundo ele, a prefeitura solicitou ao governo estadual a assinatura de convênio que transfira para Contagem a administração da Via Expressa“Estamos cobrando isso do DER/MGJá assumimos o gerenciamento do trânsito, a sinalização e a manutenção, com tapa-buraco, capina e limpeza”, reforçaAntes de o acordo ser firmado, porém, ele quer que o estado recupere o revestimento de asfalto“Tapa-buraco é apenas paliativoCom as chuvas, tudo abre novamenteÉ preciso fazer o recapeamento da via, que está saturadaA estrutura não suporta mais o tráfego intenso”, acrescenta.

Nota

A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas se pronunciou por meio de notaDiz o texto: “Em relação à implantação da Via Expressa no trecho da PUC Minas, em Belo Horizonte, ao Bairro Água Branca, em Contagem, e da BR-040 (Ceasa) à BR-381 (Krupp), informamos que se trata de duas vias municipais, uma em Belo Horizonte e a outra nos municípios de Contagem e de BetimAs obras foram realizadas pelo governo de Minas por meio do DER/MG, uma na década de 1970 e a outra na década de 1990, respectivamente, como vias locais, e estão com a administração municipal para manutenção e operação.” (Colaborou Tiago de Holanda)