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Estado de Minas

Animais como cavalos e vacas invadem espaços habitados em BH

Moradores reclamam da presença deles nas ruas, por revirar lixo e pastar em canteiros e lotes vagos


postado em 28/01/2014 00:12 / atualizado em 28/01/2014 07:13

Flávia Ayer

Estudante de odontologia, Ana Paula Lopes, de 23 anos, não esconde a satisfação de aproveitar o ambiente rural no meio da cidade (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press. )
Estudante de odontologia, Ana Paula Lopes, de 23 anos, não esconde a satisfação de aproveitar o ambiente rural no meio da cidade (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press. )

Nem bem amanhece na Vila Amizade, no Bairro Calafate, Região Oeste de Belo Horizonte, e Igor Ferreira, de 17 anos, vai buscar capim lá no Bairro Eldorado, em Contagem. O cavalo Corisco, seu grande companheiro, tem fome. Nesse horário, cavalos que perambulam pelo Bairro São Bento, na Região Centro-Sul, já estão enchendo a barriga com gramas bem cuidadas e sacos de lixo da elegante Avenida Bento Simão. Aliás, por lá passam cavalos, vacas e a boiada inteira. Há também vacas – leiteiras – pastando em lotes vagos da Avenida Clóvis Salgado, no Bairro Bandeirantes, na Pampulha. Semana passada, o menino Sérgio Gabriel Dias Vieiras, de 12, e seu cavalo Raio ficaram célebres ao cruzar avenidas movimentadas da cidade, mas os animais típicos do campo estão por toda parte na capital.

Apesar de darem ares bucólicos à metrópole de asfalto, nem sempre os bichos são recebidos com bons olhos. Nos bairros São Bento e Santa Lúcia, na Região Centro-Sul, falar do assunto é levantar polêmica. Bois, vacas e cavalos pastam pela região, mexem nos lixos e não se intimidam com carros. Os animais são de moradores do Morro do Papagaio e, com os passeios diários, se integraram à paisagem dos bairros. “É perigoso demais. Isso pode causar um acidente de trânsito. Outro dia, quase atropelei um animal. Eles comem lixo, não sabemos se podem atacar as pessoas”, afirma o morador do Santa Lúcia Adriano Andrade, de 44. “Já conversei com o dono, que vende gás no bairro, mas ele não tomou providência. Se alguém quiser ver animais, que vá ao zoológico”, diz. Outro morador, o médico João Bosco Guimarães, de 64, não se incomoda com os bichos. “Acho interessante. Uma época, três bois ficavam pastando no lote ao lado da minha casa. Eles mugiam e parecia que estava numa fazenda”, conta, durante a caminhada “rural” na pista de cooper. Enquanto o médico se exercita, dois cavalos pastam no passeio e um potrinho procura comida no lixo de uma das casas.

Cavalos na Rua José Osvaldo Araújo, no Bairro São Bento, Centro-Sul (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press.)
Cavalos na Rua José Osvaldo Araújo, no Bairro São Bento, Centro-Sul (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press.)
A prefeitura, por meio da Regional Centro-Sul, explica que a situação está sendo acompanhada e pretende recorrer a medidas judiciais para resolver a questão. “O responsável já foi autuado pela Vigilância Sanitária por manter criatório de animais em residência. Além disso, notificações para providenciar o licenciamento da atividade de criação de animais e por perturbar os serviços de limpeza urbana foram emitidas pela fiscalização integrada”, informou, em nota. Apesar de os animais terem sido apreendidos, o responsável pagou as multas e pôde reavê-los.

 

LEITE
Entre as mansões do Bairro Bandeirantes, próximo à Avenida Clóvis Salgado, na Pampulha, vacas e bezerros pastam tranquilamente em um lote vago. No fundo da paisagem, prédios e asfalto, mas o clima é de fazenda. Os animais estão lá há seis meses e pertencem ao dono de um haras bem ao lado, Gleisson Monteiro. Quem fala com carinho dos animais é a namorada dele, Ana Paula Lopes, de 23 anos, que ajuda a cuidar dos bichos e aprendeu até mesmo a ordenhá-las. “Como Gleisson é do interior, não queria tomar leite de caixinha. As vacas deram muito leite e a gente já fez muito queijo”, diz.

A estudante de odontologia, moradora do Bairro Caiçara, na Região Noroeste, não esconde a satisfação de aproveitar o ambiente rural no meio da cidade. “É um refúgio”, define a moça, enquanto toca as vacas no pasto. “To-to-to”, diz, feliz em ajudar, há cinco anos, o namorado nos afazeres do haras. “Promovemos cavalgadas aqui na Pampulha”, diz. Um dos clientes é o estudante de veterinária Marco Túlio Maziazeno, de 19. Dono do agitado mangalarga Barão, ele não se conteve em criar animais apenas na fazenda. “Venho aqui quase todos os dias e ando com o Barão na rua mesmo”, revela.

Filho de carroceiro, Igor Ferreira, de 17 anos, e o seu cavalo Corisco (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press.)
Filho de carroceiro, Igor Ferreira, de 17 anos, e o seu cavalo Corisco (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press.)
Filho de carroceiro, Igor Ferreira, de 17, adotou a profissão há três anos e atrai olhares curiosos quando passa com o Corisco puxando a carroça ou servindo de montaria. Ele mora na Vila Amizade e trança para todos os lados com o bicho, até no Centro. “Andar na cidade é ruim, porque o trânsito é muito movimentado. Meu sonho é ter uma roça”, diz. Enquanto isso não acontece, ele vai improvisando o ambiente rural em meio urbano. “Vou longe para buscar capim. Dou ração, troco ferradura e ponho Corisco para dormir dentro de casa”, conta.

 

 

 

Enquanto isso...

…Porco passeia na rua

Ontem de manhã, segundo o internauta Gleidson Barros, uma porca enorme atravessou a pista no cruzamento da Avenida Ivaí com Rua Deputado Cláudio Pinheiro de Lima, no Bairro Dom Bosco, Região Noroeste da capital.  O animal adulto, acompanhado de um leitão, usou a faixa de pedestres para passar de um lado para o outro da via. Ninguém soube dizer quem é o dono dos porcos.  


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