Muito calor, ar seco e pouca chuva. Este é o janeiro com menor índice pluviométrico nos últimos 19 anos em Belo Horizonte, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Até essa quarta-feira, o acumulado foi de 103,9 milímetros, 35% da média histórica de 296 milímetros. Além disso, a temperatura máxima na capital costuma girar em torno de 28,2 graus no período, mas desde o primeiro dia do ano a média está em 30,5 graus, informou o Instituto Climatempo. O resultado são desconforto e reclamações de quem tem que suportar o calor e deve se precaver, como beber mais água.
Janeiro deste ano é o 14º desde 1910 com menor volume de chuva na capital, segundo o Inmet. Os meses com menor índice foram em 1977 (32mm), 1953 (35mm) e 1956 (55mm). O último janeiro em que havia chovido menos que os 103,9mm de 2014 foi em 1995, quando foram registrados 90mm. O baixo índice de precipitação contribui para a pouca formação de nuvens e para que o ar fique bem seco. A umidade relativa neste mês está em torno de 45%, inferior à média histórica de 79%. O indicador chegou a 26% em 4 de janeiro. A maior temperatura foi registrada também pouco depois do réveillon, no dia 3, com 33,6 graus. O recorde para o mês ocorreu em 1988: 35,4 graus.
Segundo meteorologistas do Instituto Climatempo, o principal motivo do tempo atípico é uma espécie de bolha quente instalada desde dezembro no Oceano Atlântico, entre a região Sul do Brasil e a África do Sul. As frentes frias vindas da Argentina que poderiam causar mais chuva e refrescar o tempo esbarram nesse obstáculo e não sobem para o Sudeste. O fato de as frentes frias não conseguirem avançar intensifica uma massa de ar quente e seco formada nos últimos dias sobre o Sudeste. Essa massa é um sistema de alta pressão que empurra o ar para baixo não deixa as nuvens se avolumarem. A chuva só voltará a se tornar regular no fim de fevereiro, prevê o Climatempo.
DOR DE CABEÇA O calor e a secura atormentam a estudante de administração Marina Minardi Rabelo, de 19 anos. “Ás vezes, fico com muita dor de cabeça, principalmente no fim da tarde. À noite, sinto muita dificuldade para dormir, mesmo com o ar-condicionado ligado. Eu me levanto, vou beber água, visto um pijama mais fresco”, conta. “O ar está tão seco que outro dia meu nariz sangrou, o que nunca tinha acontecido”, acrescenta.
Para amenizar o calor, Marina foi para a Praça JK, no Bairro Sion, Centro-Sul de BH, ontem à tarde. Ela estava acompanhada da irmã Maria Sophia Rabelo, de 8, da avó, Ely Ramos Minardi, de 71, e uma tia, Renata Minardi, de 42, da filha de Renata, Maria Tereza Minardi, de 8, e de uma amiguinha de Maria Tereza, Isa Bueno, de 8. “A gente liga o purificador de ar, o que ameniza um pouco. Mas dia desses botei também um balde com água porque estava ruim demais. As meninas adoram tomar banho na piscina do prédio. A gente procura beber bastante água”, disse Renata, empresária.
A advogada Juliana Loyola, de 37, e a filha, Helena Loyola, de 13, recorreram ao sorvete para se refrescar. Nas noites mais quentes, Juliana também sente dificuldade para dormir. “Deito e começo a suar. Me levanto, bebo água ou suco e me deito de novo. À tarde dá uma sensação de cansaço”, disse a mãe. “Ás vezes sinto dor de cabeça por causa do calor”, disse a garota. “A gente evita sair de casa nos horários mais quentes e ingere bastante líquido”, contou Juliana.