Jornal Estado de Minas

Cidade de Lavras terá primeira Rede de Repúblicas Protegidas do Brasil

Universitários e policiais vão se comunicar por Facebook e WhatsApp para trocar informações sobre a seguranças das repúblicas durante as férias estudantis

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri
Encontro da PM com estudantes na última terça-feira para selar parceria - Foto: Divulgação 8º Batalhão da PM
Conhecida como uma cidade estudantil, por causa da presença de alunos da universidade federal, Lavras, no Sul de Minas Gerais, lançou um novo tipo de policiamento voltado para esses jovensO 8º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo município, criou a Rede de Repúblicas Protegidas – o primeiro modelo do país, conforme informou a corporaçãoA ideia é bem parecida com a Rede de Vizinhos Protegidos, que conta com a participação dos moradores na vigilância e se espalhou por todo estado

A cidade tem 150 repúblicas e 13 delas participaram de uma reunião com a polícia na última terça-feira para selar os acordos de cooperaçãoA PM apresentou a estatística de crimes contra repúblicas, detalhando os nove roubos ocorridos em 2012Mesmo considerando o índice baixo, o batalhão considera que as repúblicas - principalmente no período de férias - viram um alvo vulnerável que merece atenção especial.

De acordo com o comandante do batalhão, tenente-coronel Antônio Claret Santos, no planejamento de policiamento de 2014 estão incluídos esquemas de segurança especiais para grupos vulneráveis com um foco preventivoO batalhão está recolocando nas ruas a Patrulha da Violência Doméstica – para atender mulheres vítimas de crimes, a Patrulha Escolar – para campanhas educativas em instituições de ensino, a Patrulha Rural – para segurança fora da área urbana, e o Segurança 60 – com policiamento voltado para áreas comerciais onde idosos serão orientados sobre golpes e roubos

Como vai funcionar Rede de Repúblicas Protegidas

As repúblicas que aderirem à rede terão uma placa de identificação na fachadaNo período de férias, a Patrulha Universitária, que já atua no policiamento da UFLA, percorrerá esses endereçosOs universitários farão contato direto com a PM por uma conta de Facebook privativa e por um grupo no WhatsApp, recebendo informações em tempo real sobre a segurança de suas repúblicasDurante as férias, eles serão avisados do “status” dos imóveis que ficam vazios e viram alvos de bandidos


De acordo com o tenente-coronel, a Patrulha Universitária tem uma baixa demanda dentro do câmpus durante as fériasEsse efetivo será remanejado para os bairros onde há repúblicas para atender demandas dos universitários“O estudante pode estar no Mato Grosso, por exemplo, e mandar uma mensagem no grupo perguntando como está a repúblicaO policial vai percorrer o bairro e deixar uma notinha de papel na república e vai avisar pelo WhatsApp que está tudo bem”, relata ClaretOs militares também se encontrarão com os alunos para dar dicas de segurança como cuidados com fechamento de portas e janelas

Segundo o comandante, a notícia foi bem recebida pelos estudantes e a corporação espera uma adesão considerávelA PM marcou um novo encontro para dia 5 de fevereiro para mobilizar, ainda mais, a comunidade estudantilSegundo o tentente-coronel Claret, representantes da Unilavras, faculdade privada, ficaram sabendo da rede e já manifestaram vontade de participar

Voz dos estudantes


Gostando da ação da PM, os estudantes disseram que vão usar a rede como uma alternativa de segurança pública“A gente decidiu participar porque nas férias acontecem muitas tentativas de furto às repúblicas
Achamos a ideia interessante porque não foi da prefeitura, mas sim do batalhãoEles querem fazer o que eles podem – sem contar com o poder público para aumentar número de policiaisEles tentaram melhorar a qualidade do serviço que poderiam oferecer para gente”, diz a estudante de medicina veterinária Carla de Souza Rodrigues, 20 anosEla mora na república Cinta-Liga, que fica no Centro de Lavras e foi criada há quatro anos

O universitário Luiz Manoel Souza Simões, da República Bagaceira, gostou da tecnologia usada pela PM na rede de proteção“Eles usaram as ferramentas para fazer com que todo mundo se comuniqueAcho que vai dar muito certo”, afirmaNa casa dele moram outros seis estudantes de medicina veterinária, agronomia e biologiaO imóvel nunca foi alvo de bandidos, mas uma república vizinha já foi assaltada“Aderimos à rede para quando sairmos de férias não termos preocupação de deixar a casa sozinha”