Mateus Parreiras
O novo sistema de transporte por ônibus de Belo Horizonte, previsto para ser inaugurado no dia 15, segundo anúncio da BHTrans, será expandido pelas principais vias da capital mineira até 2020, fazendo conexões com estações do metrô e conectando bairros esquecidos pela primeira fase do projeto, como os da Região do Barreiro. A reportagem do Estado de Minas teve acesso ao plano de expansão do Move, o BRT de BH, no qual constam pelo menos mais 81,5 quilômetros de linhas do sistema. Um planejamento amplo que contempla uma expansão duas vezes e meia maior se comparada ao conceito original da primeira fase, já que os corredores inaugurais, das avenidas Santos Dumont/Paraná (1,3 km), Presidente Antônio Carlos (14,6 km) e Cristiano Machado (7,1 km) se estendem por um total de 23,1 quilômetros. O investimento para o metrô de BH será de R$ 3,1 bilhões. As obras da linha 3 (Savassi-Lagoinha) têm previsão de começar em setembro e durar quatro anos. A licitação deve ser lançada em maio. A revitalização da linha um e construção da linha 2 devem durar dois anos cada uma.
Nesse novo planejamento, o Move se ramifica por outras 10 grandes vias, mas ainda não há definição sobre se serão implantadas faixas de tráfego exclusivo, as vias demarcadas onde só ônibus trafegam, como ocorre hoje na Avenida Amazonas, ou se corredores onde apenas BRTs circulam, como ocorrerá na Cristiano Machado, Antônio Carlos e Dom Pedro I. A BHTrans adiantou que as próximas vias a receber linhas do Move serão a Avenida Amazonas e o Anel Rodoviário. Pelo plano de expansão ainda serão contempladas as avenidas Dom Pedro II, Nossa Senhora do Carmo, Raja Gabaglia, Carlos Luz, Américo Vespúcio, dos Andradas, Tereza Cristina, Waldir Soleiro Emrich, Mem de Sá e a Rua Patagônia.
A conexão com as linhas de metrô futuramente implantadas se dará por vias importantes e complexos de transferência de passageiros que comportarão maior fluxo, como a Estação Lagoinha, que receberá ônibus das avenidas Dom Pedro II e Antônio Carlos, e as estações Vista Alegre, Salgado Filho, Silva Lobo, Rio Negro, do Contorno, Barbacena, Raul Soares e Praça 7, que seguem contíguas à Avenida Amazonas. A maior extensão circulada pelo BRT será no Anel Rodoviário, onde os ônibus terão de rodar até 22,5 quilômetros, do acesso à BR-356, no Bairro Olhos D’Água, à Estação São Gabriel, na Região Noroeste de BH. O Anel Rodoviário comportará principalmente os ônibus vindos do Barreiro, que nesta primeira fase terá duas linhas do Move, a 6350 e a 8350, que são baseadas na Estação Barreiro.
Trajeto
Os quatro corredores mais extensos a serem abertos na última fase do Move serão o da Avenida Presidente Carlos Luz, que se estende por 16 quilômetros da Estação Calafate da linha 2 do metrô até a Estação de Integração Pampulha do BRT; o da Avenida Nossa Senhora do Carmo/BR-356, que terá 12 quilômetros e vai do Olhos D'Água, no Barreiro, até a Estação Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, e Avenida Afonso Pena, no Centro; o da Avenida dos Andradas até a Avenida Silviano Brandão; e da Avenida Tereza Cristina até a Avenida Amazonas, ambos com 10 quilômetros.
O projeto prevê que, além das estações de Integração Venda Nova, Vilarinho, Pampulha, São Gabriel e Santos Dumont/Paraná, serão ampliadas as estações José Cândido da Silveira (Cidade Nova), Barreiro (Átila de Paiva) e Diamante, e construída a do São José (Jardim Inconfidência), entre as avenidas João XXIII e Dom Pedro II.
Para o mestre em engenharia de transportes e professor da Universidade Fumec Márcio Aguiar, o grande desafio do plano da BHTrans é a implantação das vias para a circulação do Move. “Para criar as canaletas de tráfego exclusivo seria preciso desapropriar grandes extensões. No caso de faixas exclusivas, o problema é a interferência com comércios e residências, além do conflito com o tráfego no momento de ultrapassagens”, disse. Ele cita o monotrilho como uma alternativa mais barata e reforça a necessidade de expandir o metrô.
A BHTrans informou que trabalha inicialmente com os recursos já previstos pelo governo federal no valor de R$ 377 milhões. Entre as obras acertadas está o programa Pró-ônibus, de R$ 166 milhões, o Expresso Amazonas, de R$ 149 milhões, e o Complexo do Vilarinho, de R$ 50 milhões. Além dessas, os recursos serão utilizados para a elaboração do projeto do BRT do Anel Viário, que tem custo de R$ 12 milhões. Do total, R$ 194,5 milhões são do Orçamento Geral da União e R$ 182,5 milhões de financiamentos. No dia 17, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a Caixa Econômica Federal assinaram um contrato de financiamento público do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Grandes Cidades no valor de R$ 140,4 milhões para obras de mobilidade urbana, encostas, pavimentação e drenagem. Esses recursos também poderão financiar parte da expansão do Move até 2020.