Um dos movimentos estudantis é chamado de Coletivo Rosa Leão, que se diz suprapartidário e autônomoA maioria das 15 barracas de acampamento montadas na pista da avenida, no sentido Mangabeiras, foi doada por estudantesA da marca Cleman, com capacidade para duas pessoas, custou R$ 239A Mormaii, R$ 199A barraca Mor, R$ 168, e a Fit Panda 3, que era a maioria, custa R$ 132“A gente ajuda fazendo volume, fornecendo comida, barracas e apoio”, admitiu o estudante de engenharia ambiental da UFMG Augusto Schimidt, de 21“Nosso lema é o seguinte: Enquanto morar é um privilégio, ocupar é um direito”, disse o universitário.
Sem-teto do acampamento Rosa Leão, Carlos Felício dos Santos, o Kaíco, de 37, informou que 150 pessoas passaram a madrugada de ontem no acampamento“Eu mesmo dormi aquiQuem não tinha barraca dormiu nas escadarias da prefeitura
Um jovem formado em comunicação social, que se identificou como Júlio, admitiu ter acampado com os sem-teto“As negociações a gente deixa para os líderes das ocupaçõesJá morei na ocupação Rosa Leão e hoje tenho casa própria”, disseOntem, ele mandou uma van comprar verduras para os manifestantes no Mercado Central“Não somos ligados a nenhum partido políticoA gente tinha um colega ligado ao PSTU, mas ele saiu do partido”, disse.
O vereador Adriano Ventura (PT) e o Frei Gilvander, da Congregação Carmelita, acompanharam a manifestação e negociações“Existe muita gente sensibilizada com a causa doando alimentosNão são pessoas filiadas a partidoO PT e o PSTU estão dando apoio informal”, disse o vereador, enquanto almoçava com os sem-teto nas escadarias da prefeitura“Tenho simpatia pelo movimento e sou do Conselho de Habitação da prefeitura”, informou.
No início da tarde de ontem, líderes dos sem-teto se reuniram na Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) com representantes do Judiciário, Defensoria Pública, Secretaria Geral da Presidência da República, Ministério das Cidades, Câmara Municipal, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e movimentos sociais representando mil famílias de quatro ocupações
REINTEGRAÇÃO
Os manifestantes pediram à juíza da 6ª Vara da Fazenda Municipal, Luzia Divina Peixoto, que suspenda por tempo indeterminado as liminares de reintegração de posse, mas ficou decidido que será feito cadastro socioeconômico das famílias, no prazo de 20 dias, e uma vistoria para delimitar as áreas ocupadas.
“A liminar não está suspensaEsperamos o cadastro dos moradores na próxima reunião para que possamos saber quem tem direito a programas sociais dos governosUma dificuldade desse processo é saber quantas pessoas estão na área de reintegração de posse”, diz a magistradaNo fim da tarde, os manifestantes liberaram a pista e voltaram para casaNova reunião foi marcada para 11 de marçoA ocupação William Rosa, em Contagem, na Grande BH, também estará na pautaA estimativa é de que 11 mil famílias ocupam as quatro áreas, cerca de 40 mil pessoas(Colaborou Guilherme Paranaiba)