Estudantes universitários deram “volume” à manifestação dos sem-teto que por dois dias ocuparam uma pista da Avenida Afonso Pena, em frente à Prefeitura de Belo Horizonte, no Centro, e complicaram o trânsito na área central da capital, principalmente na terça-feira. Os estudantes ajudaram, inclusive, na compra de barracas de acampamento e de alimentos. Além de movimentos estudantis, os sem-teto que ocupam quatro terrenos na capital e em Contagem, na Grande BH, receberam apoio do PT e do PSTU, embora garantam que não estejam ligados a partidos políticos.
Um dos movimentos estudantis é chamado de Coletivo Rosa Leão, que se diz suprapartidário e autônomo. A maioria das 15 barracas de acampamento montadas na pista da avenida, no sentido Mangabeiras, foi doada por estudantes. A da marca Cleman, com capacidade para duas pessoas, custou R$ 239. A Mormaii, R$ 199. A barraca Mor, R$ 168, e a Fit Panda 3, que era a maioria, custa R$ 132. “A gente ajuda fazendo volume, fornecendo comida, barracas e apoio”, admitiu o estudante de engenharia ambiental da UFMG Augusto Schimidt, de 21. “Nosso lema é o seguinte: Enquanto morar é um privilégio, ocupar é um direito”, disse o universitário.
Sem-teto do acampamento Rosa Leão, Carlos Felício dos Santos, o Kaíco, de 37, informou que 150 pessoas passaram a madrugada de ontem no acampamento. “Eu mesmo dormi aqui. Quem não tinha barraca dormiu nas escadarias da prefeitura. Algumas barracas a gente já tinha e outras foram doadas por um grupo de universitários, que também estão dormindo aqui com a gente”, disse.
Um jovem formado em comunicação social, que se identificou como Júlio, admitiu ter acampado com os sem-teto. “As negociações a gente deixa para os líderes das ocupações. Já morei na ocupação Rosa Leão e hoje tenho casa própria”, disse. Ontem, ele mandou uma van comprar verduras para os manifestantes no Mercado Central. “Não somos ligados a nenhum partido político. A gente tinha um colega ligado ao PSTU, mas ele saiu do partido”, disse.
O vereador Adriano Ventura (PT) e o Frei Gilvander, da Congregação Carmelita, acompanharam a manifestação e negociações. “Existe muita gente sensibilizada com a causa doando alimentos. Não são pessoas filiadas a partido. O PT e o PSTU estão dando apoio informal”, disse o vereador, enquanto almoçava com os sem-teto nas escadarias da prefeitura. “Tenho simpatia pelo movimento e sou do Conselho de Habitação da prefeitura”, informou.
No início da tarde de ontem, líderes dos sem-teto se reuniram na Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) com representantes do Judiciário, Defensoria Pública, Secretaria Geral da Presidência da República, Ministério das Cidades, Câmara Municipal, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e movimentos sociais representando mil famílias de quatro ocupações. Não havia representante da prefeitura.
REINTEGRAÇÃO
Os manifestantes pediram à juíza da 6ª Vara da Fazenda Municipal, Luzia Divina Peixoto, que suspenda por tempo indeterminado as liminares de reintegração de posse, mas ficou decidido que será feito cadastro socioeconômico das famílias, no prazo de 20 dias, e uma vistoria para delimitar as áreas ocupadas.
“A liminar não está suspensa. Esperamos o cadastro dos moradores na próxima reunião para que possamos saber quem tem direito a programas sociais dos governos. Uma dificuldade desse processo é saber quantas pessoas estão na área de reintegração de posse”, diz a magistrada. No fim da tarde, os manifestantes liberaram a pista e voltaram para casa. Nova reunião foi marcada para 11 de março. A ocupação William Rosa, em Contagem, na Grande BH, também estará na pauta. A estimativa é de que 11 mil famílias ocupam as quatro áreas, cerca de 40 mil pessoas. (Colaborou Guilherme Paranaiba)
Um dos movimentos estudantis é chamado de Coletivo Rosa Leão, que se diz suprapartidário e autônomo. A maioria das 15 barracas de acampamento montadas na pista da avenida, no sentido Mangabeiras, foi doada por estudantes. A da marca Cleman, com capacidade para duas pessoas, custou R$ 239. A Mormaii, R$ 199. A barraca Mor, R$ 168, e a Fit Panda 3, que era a maioria, custa R$ 132. “A gente ajuda fazendo volume, fornecendo comida, barracas e apoio”, admitiu o estudante de engenharia ambiental da UFMG Augusto Schimidt, de 21. “Nosso lema é o seguinte: Enquanto morar é um privilégio, ocupar é um direito”, disse o universitário.
Sem-teto do acampamento Rosa Leão, Carlos Felício dos Santos, o Kaíco, de 37, informou que 150 pessoas passaram a madrugada de ontem no acampamento. “Eu mesmo dormi aqui. Quem não tinha barraca dormiu nas escadarias da prefeitura. Algumas barracas a gente já tinha e outras foram doadas por um grupo de universitários, que também estão dormindo aqui com a gente”, disse.
Um jovem formado em comunicação social, que se identificou como Júlio, admitiu ter acampado com os sem-teto. “As negociações a gente deixa para os líderes das ocupações. Já morei na ocupação Rosa Leão e hoje tenho casa própria”, disse. Ontem, ele mandou uma van comprar verduras para os manifestantes no Mercado Central. “Não somos ligados a nenhum partido político. A gente tinha um colega ligado ao PSTU, mas ele saiu do partido”, disse.
O vereador Adriano Ventura (PT) e o Frei Gilvander, da Congregação Carmelita, acompanharam a manifestação e negociações. “Existe muita gente sensibilizada com a causa doando alimentos. Não são pessoas filiadas a partido. O PT e o PSTU estão dando apoio informal”, disse o vereador, enquanto almoçava com os sem-teto nas escadarias da prefeitura. “Tenho simpatia pelo movimento e sou do Conselho de Habitação da prefeitura”, informou.
No início da tarde de ontem, líderes dos sem-teto se reuniram na Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) com representantes do Judiciário, Defensoria Pública, Secretaria Geral da Presidência da República, Ministério das Cidades, Câmara Municipal, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e movimentos sociais representando mil famílias de quatro ocupações. Não havia representante da prefeitura.
REINTEGRAÇÃO
Os manifestantes pediram à juíza da 6ª Vara da Fazenda Municipal, Luzia Divina Peixoto, que suspenda por tempo indeterminado as liminares de reintegração de posse, mas ficou decidido que será feito cadastro socioeconômico das famílias, no prazo de 20 dias, e uma vistoria para delimitar as áreas ocupadas.
“A liminar não está suspensa. Esperamos o cadastro dos moradores na próxima reunião para que possamos saber quem tem direito a programas sociais dos governos. Uma dificuldade desse processo é saber quantas pessoas estão na área de reintegração de posse”, diz a magistrada. No fim da tarde, os manifestantes liberaram a pista e voltaram para casa. Nova reunião foi marcada para 11 de março. A ocupação William Rosa, em Contagem, na Grande BH, também estará na pauta. A estimativa é de que 11 mil famílias ocupam as quatro áreas, cerca de 40 mil pessoas. (Colaborou Guilherme Paranaiba)