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Estado de Minas AGRESSÕES COLETIVAS

Motoristas e cobradores são vítimas de pelo menos quatro agressões por dia


postado em 07/02/2014 00:12 / atualizado em 07/02/2014 07:38

Juliana Ferreira



(foto: Leandro Couri/EM DA Pres)
(foto: Leandro Couri/EM DA Pres)
Além de enfrentar o trânsito estressante, motoristas e cobradores de ônibus reclamam de agressões diárias de passageiros. Eles são vítimas de pelo menos quatro ataques verbais ou físicos por dia, segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de BH e Região Metropolitana. As estatísticas são confirmadas pelas ocorrências dos últimos dias. Na quarta-feira à noite, um homem que se disse policial parou o carro na faixa central da Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, e ameaçou prender um motorista da linha 9250, insatisfeito com a forma como dirigia. No dia anterior, um coletivo foi queimado e quatro apedrejados em Santa Luzia. Em Betim, a violência chegou ao extremo no fim de janeiro, quando o motorista de ônibus Hueberto Andrade, de 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça por um rapaz que queria se vingar de uma briga de trânsito. A consequência da sensação de insegurança é o abandono frequente de postos de trabalho.

“Essa discussão não é somente com os patrões, mas com órgãos de segurança pública. Cobramos fiscalização nos veículos, mas há deficiência. A gente precisa de ação preventiva. Após a agressão ou o homicídio, não adianta”, diz o diretor de comunicação do sindicato, Carlos Henrique Marques. Segundo ele, a entidade se reúne constantemente com a Polícia Militar, mas as conversas não são suficientes. “Falta punição”, reclama.

A reportagem do EM embarcou na linha 9250 (Caetano Furquim-Nova Cintra via Savassi), a mais longa da cidade, com 112 pontos de parada, e ouviu as queixas. “É uma profissão horrível”, reclama a cobradora Luciana Pimentel, de 21 anos. Todos os dias, ela diz que ouve palavrões, insultos e cobranças sobre atrasos de horário. Sem contar os passageiros que têm segundas intenções: assaltar. A jovem já foi ameaçada por bandidos armados.

Colega de profissão, o motorista Ênio Lopes conta que a paciência é essencial para não perder a razão. “Aumentou também o vandalismo. Muitos surfam no carro, quebram janelas e fumam drogas aqui dentro. E não posso fazer nada”. É com muita tristeza que ele vê a situação da profissão, herdada do pai, aposentado como motorista de ônibus.

São poucos os que chegam lá. Alguns não aguentam a pressão e nunca mais voltam ao volante. A linha 9250 tem um histórico longo de motoristas que abandonam o veículo em meio à viagem. Um deles foi Rodrigo Coelho Gomes Jorge, de 35, após ter a passagem bloqueada por uma caminhonete na Avenida Getúlio Vargas. A solução foi pedir demissão. Já A.P.S., de 60, começou tratamento médico depois de fazer o mesmo na Avenida Mário Werneck, no Bairro Estoril, ao ser chamado de mentiroso por uma passageira.

 

SEGURANÇA A PM informou que faz operações periodicamente em coletivos. Em BH, segundo a coronel Cláudia Romualdo, comandante do Policiamento da Capital, militares atuam nos grandes corredores e fazem abordagens quando há suspeita. Alguns andam nos veículos em parte do trajeto para verificar o ambiente.

O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) informou que faz reuniões com a polícia e aconselha os trabalhadores a não se envolverem em brigas. Já o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana (Sintram) diz que investe em ações preventivas para amenizar o estresse causado pelo trânsito, como atividades recreativas. Depois de uma reunião na quarta-feria, o Ministério Público do Trabalho (MPT) convocou audiência com os sindicatos patronais e outras autoridades para discutir o problema em 31 de março.


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