Guilherme Paranaiba
Com 80% das intervenções concluídas, a estação de integração do transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês) do Bairro São Gabriel, Nordeste de Belo Horizonte, vai começar a operar em meio a obras e, no mínimo, sem a finalização da cobertura. A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura admitiu, por meio de nota, que o terminal-chave para a operação do corredor Cristiano Machado, previsto para entrar em operação no dia 15, marcando a inauguração do chamado sistema Move, só será concluído em abril. A secretaria alega que a cobertura arquitetônica será feita em período noturno e não vai atrapalhar a operação dos veículos articulados, mantendo o prazo para início do funcionamento do corredor. Também em nota, a BHTrans garantiu que dará início à operação no terminal mesmo que as instalações não estejam 100% concluídas. Faltando oito dias para a data-limite, a equipe do Estado de Minas foi até a estação e constatou que ainda há muito a fazer, incluindo passarelas, cercas, vias para a passagem dos ônibus e cômodos diversos no interior do terminal. A situação tende a se repetir na Estação Pampulha, imprescindível para que seja dada a largada ao BRT na Avenida Antônio Carlos. Prevista para funcionar em 15 de março, ela ainda passará por obras depois da data marcada para ser inaugurada.
A prefeitura garante que a infraestrutura necessária para garantir o abrigo dos passageiros na Estação São Gabriel estará pronta em oito dias, evitando que os usuários dos novos ônibus fiquem expostos ao tempo. Segundo a assessoria da Secretaria de Obras, estará pronta a base de concreto que fica abaixo da futura cobertura arquitetônica, que só será concluída em abril. Mas operários ouvidos em torno do canteiro de obras foram unânimes ao afirmar que o prazo de oito dias é pequeno para concluir as intervenções necessárias, o que pode prejudicar o conforto dos passageiros no início do BRT. “Nem se dobrar a turma e estender o horário de trabalho para 24 horas por dia dá tempo”, disse um dos trabalhadores. “Oito dias? Você acha que a gente faz milagre?”, questionou outro.
O esqueleto da estrutura dá sinais de como será o terminal. A comunicação com a passarela da estação do metrô indica o caminho que passageiros poderão percorrer. Porém, há trechos em que as pistas ainda estão demarcadas com terra e brita, construções de alvenaria estão em andamento e escavações ainda ocorrem. O motorista Sebastião Pereira, de 72 anos, costuma pegar ônibus diariamente bem em frente à obra e também duvida do cumprimento do prazo. “Não sou especialista, mas qualquer um que passa por aqui vê que oito dias é muito pouco. E o acabamento, que normalmente também dá muito trabalho?”, pergunta ele. A atendente de telemarketing Weslaine Soares, de 21, não acredita na conclusão de tudo o que falta em tão pouco tempo. “Acho que além da construção em si sempre tem os ajustes. Não creio que eles terão tempo suficiente para tudo”, diz ela.
Ao longo das avenidas Cristiano Machado, Santos Dumont e Paraná, por onde os veículos pesados do BRT vão circular, as intervenções estão mais aceleradas, restando pequenos ajustes a serem feitos. Na Cristiano Machado, com 92% das obras concluídas, há pontos em que passarelas ainda estão sendo instaladas, como na altura do Bairro da Graça, Nordeste de BH. Já na Santos Dumont/Paraná, com percentual de conclusão chegando a 94%, operários se concentram nos últimos detalhes nas seis estações de transferência de passageiros.
PRÓXIMO CORREDOR
No cronograma do sistema Move, depois de 15 de fevereiro o próximo corredor a entrar em operação será a Avenida Antônio Carlos, prevista para receber os primeiros ônibus articulados em 15 de março. Segundo a Secretaria de Obras, a Estação Pampulha será entregue com a infraestrutura necessária para operação do sistema, mas ainda vão faltar intervenções para possibilitar a vista panorâmica no terminal. Na avenida ainda ocorrem obras para passagem de dutos de fibra ótica, de água e de energia elétrica. Para completar o sistema faltarão os corredores Pedro I e Vilarinho, além da conclusão das estações Vilarinho e Venda Nova. Essa última parte tem conclusão prevista para 15 de abril.
Intimidação
A equipe do Estado de Minas foi agredida quando fotografava o andamento das obras da Estação São Gabriel. Um funcionário da obra, sem identificação, abordou repórter e fotógrafo, alegando que não estavam autorizados a fazer o trabalho, mesmo estando fora do terminal. O homem que exerce a função de segurança empurrou o fotógrafo Paulo Filgueiras e ameaçou a equipe, afirmando que chamaria mais seguranças para “resolver o problema”. Responsáveis pela administração da obra e a Prefeitura de BH pediram desculpas pelo incidente.
A equipe do Estado de Minas foi agredida quando fotografava o andamento das obras da Estação São Gabriel. Um funcionário da obra, sem identificação, abordou repórter e fotógrafo, alegando que não estavam autorizados a fazer o trabalho, mesmo estando fora do terminal. O homem que exerce a função de segurança empurrou o fotógrafo Paulo Filgueiras e ameaçou a equipe, afirmando que chamaria mais seguranças para “resolver o problema”. Responsáveis pela administração da obra e a Prefeitura de BH pediram desculpas pelo incidente.
