Scafi e Fernandes foram presos nessa quinta-feira pela Polícia Militar em cumprimento de mandados de prisãoEles estavam em suas respectivas casas quando foram detidosAinda durante a noite, foram encaminhados à Polícia CivilA Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que eles deram entrada no Presídio de Poços de Caldas às 23h de ontemOutro envolvido no caso, o anestesista Sérgio Poli Gaspar, não foi localizadoPara Kalil, não havia motivos para a prisão“A prisão deles é absolutamente desnecessária e ilegal
O pedido de prisão preventiva dos médicos foi feito pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas, Narciso de Castro, que condenou Gaspar, Scafi e Fernandes a 14, 18 e 17 anos de prisão, em fevereiro de 2013A condenação era nicialmente em regime fechado, porém os réus ganharam o direito de recorrer em liberdadeEles respondem pelo crime de remoção de órgãos, com o agravante de tê-lo praticado em pessoa viva, resultando em morte“Eu tenho o entendimento de que se a pena é acima de 10 anos, a pessoa tem que sair presa do julgamento, pois a sociedade não entende como a pessoa que é condenada com penas altas fica soltaIsso dá uma sensação de impunidade”, afirmou o magistrado
Na decisão, o juiz também determinou a perda dos cargos públicos dos três sentenciados, pois houve lesão à administração pública devido ao recebimento indevido de verbas do Sistema Único de Saúde (SUS)Narciso também acredita que os pacientes poderiam ter riscos ao serem atendidas pelos médicos
Ofícios serão expedidos e encaminhados ao Ministério da Saúde, à Prefeitura Municipal, às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, assim como aos hospitais da região, comunicando a decisão e determinando a suspensão imediata dos credenciamentos dos condenados no SUS
A Santa Casa de Poços de Caldas será investigada por lavagem de dinheiro, fraudes com verbas públicas federais e estaduais e também a apuração das condições gerais da instituição médica“Está documentado nos autos e em outro processo que tiveram vários empréstimos e contratos fraudulentos por parte do hospitalIsso pode significar lavagem de dinheiro”, afirma o juiz
Afastamento negado
O processo do “Caso Pavesi” foi marcado por muita polêmica e, no ano passado, o juiz Narciso Alvarenga voltou a presidir o caso após ser cassada uma liminar, obtida pela defesa dos médicos no TJMG, e que previa sua substituiçãoDe volta à função, há cinco meses ele iniciou o julgamento sobre a morte do menino ocorrida há mais de 12 anos e que repercutiu no mundo todo.
Nas audiências de instrução e julgamento, que aconteceram entre julho e agosto de 2013, foram ouvidas perto de 30 testemunhas de defesa e acusaçãoAntes desse julgamento, quatro médicos já haviam sido condenados, em fevereiro de 2013, também pela retirada ilegal de órgãos, mas de um homem de 38 anosEles pegaram penas que variam de oito a onze anos e seis meses de prisão em regime fechado por homicídio doloso, compra e venda de órgãos humanos, violação de cadáver e realização de transplante irregular(Com informações de Cristiane Silva)