Jornal Estado de Minas

Causa da movimentação da estrutura de viaduto na AV. Pedro I ainda é um mistério

Interdição da via deixou o trânsito complicado e motoristas enfrentam dia de tumulto

Pilar foi envolvido por lona e novo escoramento foi feito. Trabalho para identificar o que provocou a falha continua - Foto: FOTOS: Ramon Lisboa/Em/D.a Press


Um deslocamento lateral de 27 centímetros foi o que provocou a interdição do viaduto em construção na Avenida Pedro I com Rua Montese, no Bairro Itapõa, Região da PampulhaAs causas da movimentação, no entanto, ainda são investigadas por especialistas em engenharia civilA travessia faz parte da obra do sistema Move, como é chamado o transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês) de Belo Horizonte, e há suspeita de que o mecanismo do amortecedor hidráulico, que é instalado entre a coluna de sustentação e a pista do viaduto, tenha estouradoOutra hipótese levantada por técnicos é de que a retirada precipitada do escoramento possa ter sobrecarregado o pilar, que teria apresentado rachaduras e foi envolvido com lonas plásticas tão logo foi detectado o problemaA construtora Cowan, responsável pelos trabalhos, não se manifestou oficialmente sobre o que ocorreu ou sobre as causas da falha nem sobre as providências tomadas para corrigi-laA prefeitura da capital só se pronunciou por notas, nas quais apenas informou que as pistas devem ser liberadas no início da semana e que não há risco de desabamento da estrutura.

Em função da falha estrutural, a pista da Pedro I foi fechada no sentido Centro-Venda Nova, desde a noite de quinta-feira, como mostrou ontem o Estado de MinasRotas alternativas pelo Bairro Itapoã não impediram que houvesse retenção de veículos durante todo o diaPela manhã, um longo engarrafamento se formou e irritou motoristasÀ tarde, um ônibus de turismo não conseguiu fazer a conversão para entrar na Rua Montese e travou ainda mais o trânsitoA Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) garantiu que até segunda-feira a pista interditada será liberada

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), o engenheiro civil e elétrico Frederico Correia Lima Coelho, é difícil fazer uma avaliação externa sobre o que ocorreu
Segundo ele, a obra do viaduto enfrenta seu momento mais crítico, até que haja o fechamento do arco que compõe o elevado“Nesta fase, há uma série de cuidados que devem ser tomadosAs cargas estão maiores, porque não há nada suportando a estruturaÉ como se fosse uma varada, na qual parte não está apoiada e fica balançando”, explicou“Há possibilidade de deslocamento tanto para baixo quanto para as laterais”, afirmouSegundo o engenheiro, a movimentação do viaduto é normal, quando ele está pronto“A movimentação na fase atual pode apresentar risco e medidas devem ser tomadas para recolocar a estrutura no local certo.”

- Foto: FOTOS: Ramon Lisboa/Em/D.a Press
Nessa sexta-feira, a lateral do viaduto começou a ser escoradaSegundo Frederico Coelho, é possível levantar parte da estrutura com um macaco hidráulico e reparar o amortecedor, se realmente o problema ocorreu nesse mecanismoPara o especialista, é preciso saber se a estrutura continua íntegra e verificar a fundo as causas do problema“Sendo um movimento relacionado a algo simples, é possível fazer uma recomposição em pouco tempo
Se a estrutura saiu do lugar, pode demorar mais para que se encontre uma solução”, disseOntem, operários retiraram a forma deslizante que é usada para construir a estrutura, uma providência para aliviar o peso.

Um fiscal federal do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas (Crea-MG) esteve no local para verificar a responsabilidade pela obra emergencialO perito, que não quis se identificar, avaliou que o problema deve ser resolvido com certa facilidade“A engenharia tem solução para tudoNão há risco de desabamentoEles detectaram o problema muito precocemente”, limitou-se a afirmar.

PROTESTO Enquanto as causas do problema permaneciam sem esclarecimento, a interdição de parte da Avenida Pedro I irritou motoristas que passaram pelo trecho na manhã de ontemA maioria criticou a falha na estrutura e cobrou explicações da prefeitura para o transtorno“Isso é um absurdoPrometeram a entrega dessas obras para a Copa do Mundo e a poucos meses do evento temos um problema desses”, disse o operador de máquinas Walter Silveira da Conceição, de 56 anosPartindo da Pampulha rumo à Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, ele enfrentou mais de três quilômetros de lentidãoO contador Péricles Ribeiro, de 49, se atrasou para um compromissoAinda sem saber por que o fluxo estava desviado, ele desabafou: “Essas obras afetam a vida de todo mundoÉ preciso acabar logo com isso”(Com Valquíria Lopes)


Prefeitura diz que não haverá gasto

Apesar do problema estrutural no viaduto próximo à Rua Montese, no Bairro Itapoã, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) descarta risco de queda e garante que serão mantidos os prazos e custos das obras do BRT/Move da Avenida Pedro I, previsto para ser inaugurado em 15 de abrilDe acordo com a assessoria de imprensa, os reparos estão entre as atribuições da construtora Cowan, responsável pela obraO corredor do sistema Antônio Carlos/Pedro I está orçado em R$ 588 milhões.

Uma equipe da empresa está analisando o problema, mas ainda não apontou as razões que o provocaramDe imediato, a estrutura foi travada para evitar deslocamentos adicionaisA Sudecap assegura que a liberação completa das pistas no sentido Centro-bairro ocorrerá na segunda-feira.

Até lá, motoristas devem ficar atentos à sinalização e aos desviosO trânsito está ocorrendo também pelo canteiro central da pista do BRT/MoveO tráfego no sentido bairro-Centro é feito apenas por uma faixa de rolamento(Flávia Ayer)

 

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