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Estado de Minas

Causa da movimentação da estrutura de viaduto na AV. Pedro I ainda é um mistério

Interdição da via deixou o trânsito complicado e motoristas enfrentam dia de tumulto


postado em 08/02/2014 06:00 / atualizado em 08/02/2014 07:17

Pilar foi envolvido por lona e novo escoramento foi feito. Trabalho para identificar o que provocou a falha continua(foto: FOTOS: Ramon Lisboa/Em/D.a Press)
Pilar foi envolvido por lona e novo escoramento foi feito. Trabalho para identificar o que provocou a falha continua (foto: FOTOS: Ramon Lisboa/Em/D.a Press)

Um deslocamento lateral de 27 centímetros foi o que provocou a interdição do viaduto em construção na Avenida Pedro I com Rua Montese, no Bairro Itapõa, Região da Pampulha. As causas da movimentação, no entanto, ainda são investigadas por especialistas em engenharia civil. A travessia faz parte da obra do sistema Move, como é chamado o transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês) de Belo Horizonte, e há suspeita de que o mecanismo do amortecedor hidráulico, que é instalado entre a coluna de sustentação e a pista do viaduto, tenha estourado. Outra hipótese levantada por técnicos é de que a retirada precipitada do escoramento possa ter sobrecarregado o pilar, que teria apresentado rachaduras e foi envolvido com lonas plásticas tão logo foi detectado o problema. A construtora Cowan, responsável pelos trabalhos, não se manifestou oficialmente sobre o que ocorreu ou sobre as causas da falha nem sobre as providências tomadas para corrigi-la. A prefeitura da capital só se pronunciou por notas, nas quais apenas informou que as pistas devem ser liberadas no início da semana e que não há risco de desabamento da estrutura.

Em função da falha estrutural, a pista da Pedro I foi fechada no sentido Centro-Venda Nova, desde a noite de quinta-feira, como mostrou ontem o Estado de Minas. Rotas alternativas pelo Bairro Itapoã não impediram que houvesse retenção de veículos durante todo o dia. Pela manhã, um longo engarrafamento se formou e irritou motoristas. À tarde, um ônibus de turismo não conseguiu fazer a conversão para entrar na Rua Montese e travou ainda mais o trânsito. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) garantiu que até segunda-feira a pista interditada será liberada.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), o engenheiro civil e elétrico Frederico Correia Lima Coelho, é difícil fazer uma avaliação externa sobre o que ocorreu. Segundo ele, a obra do viaduto enfrenta seu momento mais crítico, até que haja o fechamento do arco que compõe o elevado. “Nesta fase, há uma série de cuidados que devem ser tomados. As cargas estão maiores, porque não há nada suportando a estrutura. É como se fosse uma varada, na qual parte não está apoiada e fica balançando”, explicou. “Há possibilidade de deslocamento tanto para baixo quanto para as laterais”, afirmou. Segundo o engenheiro, a movimentação do viaduto é normal, quando ele está pronto. “A movimentação na fase atual pode apresentar risco e medidas devem ser tomadas para recolocar a estrutura no local certo.”

(foto: FOTOS: Ramon Lisboa/Em/D.a Press)
(foto: FOTOS: Ramon Lisboa/Em/D.a Press)

Nessa sexta-feira, a lateral do viaduto começou a ser escorada. Segundo Frederico Coelho, é possível levantar parte da estrutura com um macaco hidráulico e reparar o amortecedor, se realmente o problema ocorreu nesse mecanismo. Para o especialista, é preciso saber se a estrutura continua íntegra e verificar a fundo as causas do problema. “Sendo um movimento relacionado a algo simples, é possível fazer uma recomposição em pouco tempo. Se a estrutura saiu do lugar, pode demorar mais para que se encontre uma solução”, disse. Ontem, operários retiraram a forma deslizante que é usada para construir a estrutura, uma providência para aliviar o peso.

Um fiscal federal do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas (Crea-MG) esteve no local para verificar a responsabilidade pela obra emergencial. O perito, que não quis se identificar, avaliou que o problema deve ser resolvido com certa facilidade. “A engenharia tem solução para tudo. Não há risco de desabamento. Eles detectaram o problema muito precocemente”, limitou-se a afirmar.

PROTESTO Enquanto as causas do problema permaneciam sem esclarecimento, a interdição de parte da Avenida Pedro I irritou motoristas que passaram pelo trecho na manhã de ontem. A maioria criticou a falha na estrutura e cobrou explicações da prefeitura para o transtorno. “Isso é um absurdo. Prometeram a entrega dessas obras para a Copa do Mundo e a poucos meses do evento temos um problema desses”, disse o operador de máquinas Walter Silveira da Conceição, de 56 anos. Partindo da Pampulha rumo à Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, ele enfrentou mais de três quilômetros de lentidão. O contador Péricles Ribeiro, de 49, se atrasou para um compromisso. Ainda sem saber por que o fluxo estava desviado, ele desabafou: “Essas obras afetam a vida de todo mundo. É preciso acabar logo com isso”. (Com Valquíria Lopes)


Prefeitura diz que não haverá gasto

Apesar do problema estrutural no viaduto próximo à Rua Montese, no Bairro Itapoã, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) descarta risco de queda e garante que serão mantidos os prazos e custos das obras do BRT/Move da Avenida Pedro I, previsto para ser inaugurado em 15 de abril. De acordo com a assessoria de imprensa, os reparos estão entre as atribuições da construtora Cowan, responsável pela obra. O corredor do sistema Antônio Carlos/Pedro I está orçado em R$ 588 milhões.

Uma equipe da empresa está analisando o problema, mas ainda não apontou as razões que o provocaram. De imediato, a estrutura foi travada para evitar deslocamentos adicionais. A Sudecap assegura que a liberação completa das pistas no sentido Centro-bairro ocorrerá na segunda-feira.

Até lá, motoristas devem ficar atentos à sinalização e aos desvios. O trânsito está ocorrendo também pelo canteiro central da pista do BRT/Move. O tráfego no sentido bairro-Centro é feito apenas por uma faixa de rolamento. (Flávia Ayer)

 

 


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