O julgamento de Érika Passarelli, acusada de arquitetar a morte do pai, Mário José Teixeira Filho, de 50, para receber cerca de R$ 1,2 milhão em apólices de seguro, segue com a oitiva de testemunhas no Fórum Edmundo Lins, em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. Ao todo, três pessoas foram ouvidas – um corretor de seguros, um amigo da vítima e o padrasto da ré. Os dois últimos relataram o convívio entre a ex-estudante e o pai.
O primeiro a ser ouvido foi o corretor de seguros, Marcelo de Almeida, que esclareceu a contratação de seguro por parte de Mário. Segundo ele, a vítima, ao assinar a apólice, disse que viajava muito e tinha medo de morrer durante esse tempo que ficava fora de casa. Conforme a testemunha, Teixeira deixou claro que o seguro garantiria os estudos de seu filho mais novo e que Érika seria a tutora da criança, caso ele morresse.
O corretor afirmou que os seguros não seriam feitos se ele tivesse conhecimento de que a ex-estudante já havia sido condenada por estelionato. Também ressaltou que não houve pagamento à ré, pois a apólice foi cancelada quando o inquérito sobre a morte de Mário foi aberto.
O segundo a ser ouvido foi Carlos Manuel Rosa, que é amigo de Mário. A testemunha ressaltou a relação entre a ré e a vítima. Segundo ele, Mário levou várias vezes Érika em sua casa e sempre a chamou de “minha loirinha”. Também afirmou que ela era a filha preferida da vítima.
Carlos disse que Mário era uma pessoa "maquiavélica" que não gostava sequer de si mesmo. Também contou que não tem conhecimento de nada que desabone a conduta da ré. Falou ainda que visita a ré todos os domingos no presídio em que ela se encontra.
Também foi ouvido o padrasto de Érika, o médico Fernando Drumond Teixeira. Ele contou que conheceu a ré quando ela tinha 20 dias de vida. Segundo ele, Passarelli era a xodó do pai e o filha que mais o preocupava.
O médico contou que após a morte do pai, a ré passou a apresentar um quadro de depressão que perdura até hoje. Ele chegou a prescrever medicamentos para ela, os quais provocavam efeitos colaterais, entre eles, amnésia. O cardiologista contou que está convicto que Érika é inocente.
Ao promotor, o médico respondeu que a ré, pelo comportamento criminoso reiterado, poderia ser considerada doente.
Júri
Assim que começou a sessão, na manhã desta segunda-feira, o advogado de Érika, Fernando Magalhães, pediu a palavra e reclamou da ausência de um promotor natural na comarca de Itabirito. Segundo defensor, a promotoria trabalha na cidade em regime de cooperação. Hoje, a acusação é feita por Cristian Lucio da Silva. Mesmo com a intervenção, a sessão prosseguiu com o sorteio dos jurados feito pelo juiz Antônio Francisco Gonçalves que é o presidente do Tribunal do Júri. Três mulheres e quatro homens julgarão a ré.
O crime
Mário José foi executado em agosto de 2010. O corpo foi achado com três tiros às margens da BR-356.
O crime foi cometido depois que o pai da jovem contratou três seguros de vida totalizando R$ 1,2 milhão cuja filha seria a única beneficiária. O plano dos dois era encontrar um corpo para forjar a morte de Mário. A estudante receberia os seguros e dividiria o dinheiro com o pai. No entanto, enquanto tentavam aplicar esse golpe milionário, eles tiveram um desentendimento e, paralelamente, Érika arquitetou a morte do pai, pedindo ajuda ao namorado e ao sogro.
Os rastros de Érika foram seguidos durante quase dois anos. Até a Polícia Federal ajudou na procura pela mulher. A polícia teve notícias dela em Paranaguá (PR), no interior de Minas e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, antes de encontrá-la no Rio de Janeiro em março de 2012, em uma casa de prostituição. Além do crime contra o pai, a ex-estudante já respondeu a vários processos de estelionato por golpes aplicados em lojas de BH. .